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Justiça argentina ordena prisão de Maduro e pede inclusão na lista vermelha da Interpol
O ditador Nicolás Maduro e Diosdado Cabello, número 2 do chavismo, durante uma marcha em Caracas| Foto: EFE/Miguel Gutiérrez

A Missão Internacional Independente da ONU na Venezuela informou nesta terça-feira (15) que o regime de Nicolás Maduro cometeu crimes contra a humanidade antes, durante e depois das eleições presidenciais de 28 de julho, que foram marcadas pela perseguição a oponentes políticos e violência contra manifestantes críticos da ditadura.

Em um relatório de 158 páginas que abrange o período de 1º de setembro de 2023 a 31 de agosto de 2024, a missão acusa as forças de segurança e grupos civis armados pró-regime de assassinatos, desaparecimentos forçados, atos de tortura e violência sexual.

As forças de segurança estiveram "maciçamente envolvidas" em violações de direitos humanos, como detenções arbitrárias, uso excessivo da força para reprimir protestos ou tratamento cruel e degradante, afirma o documento, apontando como responsáveis os serviços de inteligência civil (Sebin) e militar (DGCIM), assim como a Guarda Nacional Bolivariana e a Polícia Nacional.

O documento também diz que "as declarações das mais altas autoridades do Estado, especialmente após 28 de julho, incitaram a repressão e contribuíram para gerar um clima de hostilidade e violência".

Outras instituições destacadas no relatório incluem o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), que "não cumpriu as medidas básicas de transparência e integridade", a Assembleia Nacional, "instrumental na aprovação de novas leis contrárias aos direitos humanos e restritivas do espaço cívico e democrático", e o sistema judiciário, que "continuou a operar com falta de independência".

Embora os relatórios anteriores da missão constituída em 2019 já acusassem a ditadura de Maduro de graves violações de direitos humanos, o novo documento destaca que o perfil das vítimas da repressão "se expandiu significativamente" no período eleitoral, abrangendo não apenas a oposição e os líderes sociais.

No contexto eleitoral, os abusos também foram sofridos por "cidadãos comuns, simplesmente por demonstrarem sua discordância com o regime ou com os resultados das eleições presidenciais anunciados pelas autoridades", informa o relatório da ONU.

A missão, presidida pela jurista portuguesa Marta Valiñas, observa no documento que, nos dez meses anteriores às eleições, pelo menos 48 pessoas foram presas em conexão com conspirações invocadas pelo regime, muitas delas na chamada Operação Bracelete Branco, e durante a campanha eleitoral houve mais 121 prisões por colaborar em atividades da oposição.

Essas campanhas "serviram como justificativa para a repressão seletiva de militares, políticos e ativistas da sociedade civil", disse o relatório do grupo de especialistas, que, junto a Valiñas, inclui o chileno Francisco Cox e a argentina Patricia Tappatá.

A repressão aumentou após os resultados das eleições, quando as autoridades, de acordo com o relatório, "lançaram uma campanha sem precedentes de prisões em massa e indiscriminadas", com um número de prisões que pode ser contado em milhares, "apenas comparável aos protestos de 2014, 2017 e 2019".

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