Mulheres refugiadas da seca buscam ajuda em centro de alimentação do governo na Somália, nas proximidades de Mogadíscio| Foto: Stuart Price/AFP

Ajuda

Brasil vai doar 20 mil toneladas de alimentos

O Brasil pretende enviar, até o próximo mês, 20 mil toneladas de feijão e milho para a Somália. Esta é a primeira vez que o Brasil faz uma doação de alimentos ao país africano. A intenção do governo brasileiro é doar, ao todo, 80 mil toneladas.

"Nós sabíamos que a situação era muito séria, porque no sul da Somália o movimento que controla a região havia impedido que organismos internacionais e humanitários trabalhassem ali. A gente sabia que a situação estava se deteriorando", afirmou Milton Rondó, coordenador-geral de Ações Internacionais de Combate à Fome do Itamaraty.

Segundo ele, o Brasil doou no ano passado US$ 300 mil para as Nações Unidas comprarem alimentos para o país, localizado no leste da África.

De acordo com lei sancionada no mês passado, o Brasil deve doar neste ano um total de 710 mil toneladas de alimentos a diversos países por meio do Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas. O custo estimado é de US$ 350 milhões.

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A crise de fome no Chifre da Áfri­­ca (nordeste do continente) vai ser longa, previu ontem a subsecretária-geral para a Coordenação de As­­suntos Humanitários da ONU, Valerie Amos. "Esta não vai ser uma crise curta. A ONU e seus membros esperam combater esta situação pelo menos durante os próximos seis meses", afirmou em um discurso em Genebra.

A organização decretou situação de crise de fome em duas regiões da Somália, mas não tem nú­­meros concretos sobre a quantidade de mortos. Amos afirmou que, no Chifre da África, há 11,5 milhões de pessoas "que necessitam de assistência urgente", sendo 3,7 milhões na Somália.

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"Se não atuarmos, esta crise de fome se estenderá ao resto do sul da Somália em dois meses, e seus efeitos podem se estender aos demais países da região", alertou a representante da ONU.

A ONU está pedindo ajuda fi­­nanceira de US$ 1,9 bilhão para combater a situação na Etiópia, Quênia e Somália – onde estão os principais focos da crise. Menos da metade do valor requisitado foi financiada até o momento.

Uma reunião de emergência pa­­ra discutir a situação foi convocada pelo órgão para o próximo dia 25, a pedido da França. O en­­contro deve acontecer em Roma.

Nos centros de distribuição de alimentos e acampamentos da So­­mália, os soldados já estão usando a força para conter a briga das fa­­mílias pela comida distribuída.

O governo queniano expressou preocupação com o grande número de somalis fugindo da se­­ca e sugeriu que os alimentos de­­veriam ser jogados no país com a ajuda de aviões. Dezenas de mi­­lhares de pessoas já foram buscar ajuda em campos de refugiados no Quênia e na Etiópia.

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"Uma vez que os refugiados vêm para o Quênia, eles não querem voltar. Eles dizem que é me­­lhor morrer no Quênia do que na Somália", disse o primeiro-ministro queniano, Raila Odinga.

Chance de paz

A fome na Somália representa uma chance para a busca por um acordo de paz no conturbado país africano, afirmou a comissária europeia de ajuda humanitária, Kristalina Georgieva.

"Talvez nós devêssemos olhar para essa crise como uma oportunidade para atrair mais a atenção do mundo para o que acontece na Somália", declarou Kristalina.

A comissária observou que uma ajuda emergencial de curto prazo para o país precisa ser acom­­panhada de programas que ga­­ran­­tam a sobrevivência da população local em caso de novas secas no futuro.

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O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) considera a seca na Somália e a crise de refugiados, provocada pela estiagem, "a mais grave emergência humanitária em andamento no mundo". A Cruz Vermelha Interna­­cio­­nal adverte que uma em cada dez crianças do sul da Somália sofre de desnutrição aguda.