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ONU aprova cessar-fogo na Síria e rejeita militarização do conflito

As Nações Unidas aprovaram nesta quinta-feira (12) a implementação do cessar-fogo por parte do regime de Bashar al Assad, apesar das denúncias da oposição de que a repressão continua e que nesta quinta mesmo provocou 5 mortes, e insistiu em descartar a solução de uma militarização do conflito.

"Neste momento, a situação parece mais tranquila. Estamos acompanhando muito de perto", disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, em entrevista coletiva em Genebra.

A Síria "aparentemente experimenta um raro momento de tranquilidade", manifestou minutos depois em comunicado Kofi Annan, enviado especial da ONU e da Liga Árabe ao país.

Ban e seu antecessor se reuniram hoje em Genebra para avaliar o conflito sírio no primeiro dia no qual as hostilidades deveriam ter terminado, e segundo a estimativa de ambos, o cessar-fogo está sendo cumprido.

Esse otimismo contrasta com as denúncias do Conselho Nacional Sírio (CNS), principal aliança opositora, e de outros grupos de direitos humanos, que denunciaram operações policiais, várias detenções e a morte - causada pelas forças de segurança - de pelo menos cinco pessoas, entre elas uma menor.

"Não vimos os tanques se retirarem do centro das cidades como estava previsto no plano de Annan. Vemos os tanques posicionados em áreas povoadas, exatamente como há três semanas. Não há nenhuma evidência de um verdadeiro recuo", concluiu Bassma Kodmani, chefe de relações internacionais do CNS.

Apesar desses relatos, Ban e Annan mostraram esperança de que a tensa calma que o país vive se mantenha tempo o suficiente para poder iniciar "o mais rápido possível" uma missão de observação da ONU que possa verificar o fim das hostilidades.

Annan afirmou que o secretário-geral pedirá ao Conselho de Segurança que aprove o desdobramento da missão de observação, o que permitirá à ONU agir "com rapidez para lançar um diálogo político sério que responda às inquietações e aspirações do povo sírio".

O CNS deixou hoje nas entrelinhas que se nega a dialogar diretamente com Assad ou alguém de seu governo, ao considerar que ele não tem nenhuma legitimidade após ter massacrado durante um ano seu próprio povo.

"O objetivo ao qual nunca renunciaremos é a saída do poder de Bashar al Assad e de toda a estrutura de segurança que o cerca. Nós não negociaremos com ele", afirmou Kodmani.

Legitimidade

Questionado sobre a legitimidade de Assad, quando as próprias estruturas de Direitos Humanos das Nações Unidas o acusaram de crimes contra a Humanidade, Ban, por sua vez, se limitou a dizer que o mais importante é "evitar mais perdas de vidas".

E ao ser perguntado se tem um "plano B", caso o cessar-fogo fracasse, Ban insistiu em sua esperança que, "com a ajuda da comunidade internacional e o sólido compromisso dos dirigentes da Síria e das forças de oposição, suas promessas sejam cumpridas, os combates cessem e a negociação política seja seguida".

A ONU quer a todo custo evitar uma internacionalização do conflito mediante uma intervenção militar que certamente não contaria com o respaldo do Conselho de Segurança, dado o previsível veto de China e Rússia, que rejeitam a todo custo qualquer ingerência externa.

"Annan e eu temos deixamos muito claro: uma operação militar não é uma opção, só complicaria e pioraria a situação", concluiu Ban.

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