Nova Iorque O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou ontem, por unanimidade, uma resolução que impõe sanções à Coréia do Norte como punição pelo teste nuclear realizado na segunda-feira, segundo relato do próprio país comunista (veja quadro). A votação tornou-se possível depois que os Estados Unidos, a Grã-Bretanha e a França superaram divergências de últimas hora com a Rússia e a China, que exigiam a retirada de qualquer alusão a um eventual ataque militar contra a Coréia do Norte.
Atendendo às exigências de Pequim e Moscou, a resolução aprovada no fim da tarde de ontem exige que a Coréia do Norte elimine todas as suas armas nucleares, mas não prevê a possibilidade de ação militar contra o país.
Os norte-americanos, autores da proposta de resolução, também eliminaram a proibição total à venda de armas convencionais e limitaram um embargo a equipamentos pesados, como tanques, mísseis e navios e aviões de guerra.
Reação
O embaixador da Coréia do Norte na ONU, Pak Gil Yon, informou que seu país "rejeita totalmente" a resolução e, por isso, decidiu abandonar a audiência. O diplomata assegurou que a Coréia do Norte quer negociar, mas alertou que seu país considerará o aumento da pressão por parte dos Estados Unidos como uma declaração de guerra.
O Conselho de Segurança concluiu que o teste subterrâneo anunciado na segunda-feira representa "uma ameaça clara à paz e segurança internacionais". A resolução foi lida pelo presidente rotativo do Conselho, o embaixador do Japão, Kenzo Oshima, antes de ser adotada pelos 15 integrantes do principal órgão de decisão da ONU.
Entre outros aspectos, o texto ameniza as inspeções dos navios que entram ou saem do país asiático e o embargo dos produtos químicos nos fluxos comerciais com o regime comunista, que estavam na versão que circulava na sexta-feira no Conselho. Esse abrandamento também tinha sido exigido pela China, vizinho e principal aliado da Coréia do Norte, para apoiar o documento.
O documento aprovado após dois dias inteiros de negociação também proíbe que os demais países da comunidade internacional exportem artigos de luxo para a Coréia do Norte e exige que contas mantidas por autoridades do regime de Pyongyang no exterior sejam bloqueadas.
A resolução também afirma que Pyongyang deve retomar imediatamente, e sem quaisquer condições, as negociações multilaterais sobre seu programa atômico. Também foi determinada a adesão ao Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP).