O Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou nesta quinta-feira (20) por unanimidade o envio de mais 3,1 mil soldados da força de paz para a República Democrática do Congo (antigo Zaire), enquanto os insurgentes no leste congolês dizem que continuam comprometidos em se retirar da região, apesar de um contra-ataque do exército. O embaixador britânico John Sawers disse que ainda não está claro quando as tropas de paz estarão no Congo, mas disse que o assunto é de urgência. "Exatamente em quantas semanas (os soldados partirão) ainda não está claro. Mas é um assunto de urgência", disse.

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Ainda não está claro também quais países enviarão os soldados da missão de reforço das tropas. Muitos países africanos, como Senegal, Quênia e Angola, estão entre os que poderão contribuir com batalhões, disseram diplomatas no CS, que falaram sob anonimato porque as negociações ainda estão em curso. A missão de paz da ONU para o Congo, a maior das Nações Unidas atualmente, mantém 17 mil soldados no vasto país da África Central. Apesar disso, eles estão espalhados em uma área correspondente à Europa Ocidental e não conseguiram evitar os mortíferos conflitos que ocorrem no país.

O leste do Congo, que viveu anos de violência, foi vítima de uma escalada nos conflitos a partir de agosto, quando o ex-general insurgente Laurence Nkunda revoltou-se novamente contra o governo de Kinshasa. O conflito já deixou pelo menos 300 mil pessoas refugiadas. Nkunda diz que protege as pessoas da etnia tutsi contra os hutus, que fugiram de Ruanda para o Congo após o genocídio de 1994. Os hutus mataram quase 500 mil tutsi no genocídio de 1994 em Ruanda. Depois, os tutsi, que são a maioria da população em Ruanda, conseguiram formar um governo e muitos hutus fugiram para o Congo.

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Críticos dizem que Nkunda está mais interessado no poder e acusam suas forças de cometerem abusos sistemáticos contra os direitos humanos. O Congo é rico em ouro e diamantes, além de outros recursos minerais. Diplomatas temem que o conflito atual envolva novamente os países vizinhos. A devastadora guerra civil no Congo, entre 1998 e 2002, dividiu o país em feudos políticos e chegou a envolver seis exércitos diferentes de países africanos. Hoje, os rebeldes disseram ter repelido um contra-ataque do exército, das milícias Mai Mai e de hutus rebeldes de Ruanda.

O porta-voz dos rebeldes, Betrand Bisimwa, disse que os insurgentes foram atacados em Katoro, vilarejo próximo a Kiwanja 70 quilômetros ao norte de Goma. Os insurgentes repeliram o ataque após duas horas de combates, disse Bisimwa. Ele afirmou que os insurgentes continuam comprometidos em se retirar das linhas do fronte em direção ao norte, mas alertou: "Se as forças de paz da ONU não forem capazes de manter essa região tranqüila, nós voltaremos e atacaremos os grupos que tentam controlar a área". Os relatos de combates ocorrem um dia após os rebeldes terem concordado em começar a retirada, em uma negociação que a ONU definiu como um passo em direção à paz.