Genebra - Apesar de sua crescente importância política e econômica, a participação de países emergentes como o Brasil nas doações para ajuda humanitária ao redor do mundo continua bem aquém do esperado pelas Nações Unidas.
A avaliação é do subsecretário da ONU para Assuntos Humanitários, John Holmes, que ontem apresentou em Genebra um balanço surpreendentemente positivo da campanha de arrecadação deste ano.
Segundo ele, foram arrecadados US$ 4,6 bilhões nos primeiros seis meses e meio do ano, o equivalente a 49% da meta para 2009, de US$ 9,5 bilhões. Um volume recorde, que derrubou as previsões pessimistas geradas pela crise.
Holmes lembrou, contudo, que as necessidades neste ano também são maiores, o que torna o montante que resta para alcançar a meta, de US$ 4,8 bilhões, também um recorde.
O motivo é o agravamento de crises humanas em locais como Paquistão, Sri Lanka e territórios palestinos e o aumento dramático do número de pessoas assistidas, que passou de 28 milhões em 2008 para 43 milhões neste ano.
Os altos preços das matérias-primas, principalmente o petróleo, a crise econômica e as mudanças climáticas completam o quadro de carências, que obrigou a ONU a aumentar a meta de arrecadação em 19% no primeiro semestre.
As necessidades em alta têm levado a ONU a focar na ampliação do reduzido clube de doadores. Entre os 20 principais países doadores não há nenhum dos grandes emergentes, como os países que compõem o chamado grupo Bric Brasil, Rússia, Índia e China.
Na lista da ONU, feita com base na proporção do Produto Interno Bruto (PIB) que cada país dedica a ajuda humanitária internacional, os primeiros são Arábia Saudita (0,19%), Suécia (0,14%) e Noruega (0,13%). Não há latino-americanos entre os 20 primeiros.
"Emergentes como Brasil, Rússia, Índia, China, Argentina e México são alvos preferenciais para expandirmos a base de doadores, disse Holmes. "Com o aumento de seu peso político e econômico, esses países também têm mais responsabilidades. A ajuda humanitária é uma delas."
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