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Assassinatos políticos

ONU começa a investigar mortes de militantes de esquerda nas Filipinas

O relator especial das Nações Unidas para execuções extrajudiciais, Philip Alston, reuniu-se com familiares de vítimas destes crimes nas Filipinas e com organizações de direitos humanos, no início de sua investigação sobre a onda de assassinatos políticos que tomou conta do país.

- Farei muito barulho se acontecer algo - disse Alston a um grupo de vítimas com o qual se reuniu no domingo em um local secreto em Manila, segundo Belinda Formanes, diretora do Patronato para Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural, citada pela imprensa local.

Alston também se reuniu com membros do Conselho Cidadão de Direitos Humanos e de Karapatan (Direito), organização que desde 1995 se dedica a recolher dados sobre a violência política e que contabiliza cerca de 830 assassinatos, a maioria de seguidores e simpatizantes de grupos de esquerda, e aproximadamente 200 desaparecimentos, desde que começou a Presidência de Gloria Macapagal Arroyo, em 2001.

O relator da ONU chegou este fim de semana à capital filipina para uma visita de dez dias, durante a qual também se reunirá com membros do governo, a sociedade civil e os doadores internacionais, e procurará conseguir dados suficientes para verificar a suposta participação do governo e do Exército nas mortes.

Ao término de suas investigações, apresentará um relatório com suas descobertas, conclusões e recomendações.

A visita acontece apenas quatro dias depois da morte de Dalmacio Gandinao, ativista do partido Bayan Muna (Povo Primeiro) e último opositor assassinado na onda de violência política, que se intensificou nas últimas semanas com o início da campanha eleitoral para as legislativas de maio.

A polícia reconhece apenas 137 mortos, entre ativistas e jornalistas.

Arroyo ordenou há duas semanas que o Tribunal Supremo crie um tribunal especial para agilizar os julgamentos de todos os casos de violência política.

A presidente filipina respondeu assim às recomendações da Comissão Melo, criada em agosto de 2006 para investigar e elaborar um plano de ação que acabasse com os assassinatos de militantes de esquerda e jornalistas, e que terminou por culpar o Exército de muitos destes crimes.

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