Islamabad - A Organização das Nações Unidas (ONU) confirmou ontem que já foram detectados inúmeros casos de cólera e focos de outras epidemias na população afetada pelas inundações no Paquistão, e alertou para a necessidade de reforçar medidas de prevenção.
Segundo dados da ONU, até o momento foram detectados ao menos 86.761 casos de diarreia aguda, 83.050 de doenças respiratórias e 113.045 de doenças cutâneas.
"Os casos de diarreia aguda estão sendo tratados como cólera, que é endêmica no Paquistão", disse em entrevista coletiva o diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS) no país, Guido Sabatinelli.
Horas antes, uma fonte das Nações Unidas informou que agentes da entidade haviam detectado a doença em ao menos 20 pacientes, mas indicou que o governo do Paquistão é reticente em confirmar os casos publicamente.
"Vinte casos de cólera não são nada, há muitos mais", ressaltou Sabatinelli, que justificou o silêncio das autoridades paquistanesas alegando que eles "têm sua política" neste âmbito.
O representante da OMS alertou que a situação é "muito perigosa" e que "o problema aumentará quando a água baixar", por isso espera-se uma alta mortalidade.
Sabatinelli se mostrou otimista pelo fato de que as organizações de saúde controlaram por enquanto os focos epidêmicos, embora o coordenador de emergências do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) no Paquistão, Oscar Butragueño, reconheceu pouco antes que já há mortes por epidemias.
Verba
Para conter as epidemias e socorrer as vítimas das enchentes, a ONU lançou um apelo por US$ 459 milhões, mas só recebeu 40% desse valor, afirmou ontem o porta-voz da ONU, Fabrizio Giuliano. Na cidade de Shikarpur, cerca de 100 flagelados saquearam dois caminhões que transportavam alimentos, ontem.
A comunidade internacional está enviado água, alimentos, medicamentos e trabalhadores humanitários ao Paquistão, mas os grupos humanitários e o governo britânico já reclamaram que o auxílio tem sido lento e não suficiente para a dimensão das necessidades.