Apesar do cessar-fogo que entrou em vigor ontem, foram reportados combates "esporádicos" entre o governo do Sudão do Sul e forças da oposição, informou a ONU.
"A missão da ONU no Sudão do Sul diz que hoje (sexta-feira) houve combates em partes do país", disse a jornalistas o porta-voz adjunto da ONU, Farhan Haq, acrescentando que os choques ocorreram depois da entrada em vigor do cessar-fogo, às 15h30 de Brasília.
Rebeldes sul-sudaneses acusaram o exército de atacar suas posições um dia após o cessar-fogo, mas o governo negou.
"Os ataques das forças de Kiir sobre nossas posições defensivas nos Estados de Unidade e Jonglei são claras violações do Acordo de Cessação das Hostilidades assinado em Adis Abeba", disse um comunicado assinado pelo porta-voz militar Lul Ruai Koang.
O cessar-fogo assinado na quinta (23), que tinha 24 horas para entrar em vigor, foi promovido por países do leste da África e acertado na quinta-feira em Adis Abeba, capital da Etiópia.
O conflito no Sudão do Sul explodiu no último dia 15 de dezembro, quando o presidente do país, Salva Kiir, acusou seu ex-vice-presidente e atual líder rebelde, Riek Machar, de uma tentativa golpista. Os combates são acompanhados, além disso, de massacres étnicos entre a etnia dinka de Kiir e os nuer de Machar.
ONU
"É crucial que as duas partes implementem o acordo de cessação das hostilidades na íntegra e imediatamente", afirmou o porta-voz da ONU.
Haq acrescentou que as Nações Unidas, que implementa uma grande operação de manutenção da paz no Sudão do Sul, estavam prontas para dar "apoio crítico" para um esquema de monitoramento do cessar-fogo.
"As Nações Unidas vão continuar a proteger os civis em risco e manter os apelos para que todas as partes assegurem a segurança do pessoal e das instalações da ONU", disse Haq.
As Nações Unidas informaram que os dois lados cometeram "atrocidades" no conflito que eclodiu em 15 de dezembro.
Haq informou que agora há 35.000 civis abrigados em em dois complexos da ONU na capital, Juba, e 10.300 no complexo da ONU em Bor, capital do estado de Jonglei, que trocou de mãos várias vezes durante as batalhas.
Segundo o porta-voz, agora há mais de 76.000 civis em oito bases do Sudão do Sul.