• Carregando...

Forças leais a Laurent Gbagbo, cercado em sua residência em Abidjan, reconquistaram terreno das tropas do rival Alassane Ouattara, que reivindica a Presidência, informou a Organização das Nações Unidas (ONU) na sexta-feira.

Helicópteros franceses atingiram o complexo de edificações onde está Gbagbo, na principal cidade do país, horas depois de forças favoráveis a ele terem atacado a residência do representante francês na Costa do Marfim, disseram testemunhas.

Em outro indício de que Gbagbo ainda não foi derrotado, a TV estatal RTI, que estava fora do ar desde que os violentos combates irromperam nesta semana em Abidjan, voltou a operar na sexta-feira.

Uma mensagem na tela dizia: "O governo de Gbagbo ainda está no poder, pede-se uma forte mobilização da população."

Gbagbo permanece isolado atrás de um cordão de proteção militar em sua residência, no complexo onde buscou refúgio do ataque coordenado das forças de Ouattara. Há apenas três dias, sua derrota parecia certa e houve negociações entre as duas partes.

"Eles claramente usaram a trégua de terça-feira como um truque para reforçar a sua posição", afirmou a repórteres o chefe da missão de paz da ONU, Alain Le Roy, após informar a situação ao Conselho de Segurança. "Ainda há combates em curso, mas há um impasse."

Ele disse que eles agora controlam completamente os bairros de classe alta Plateau e Cocody e que estavam chegando perto do Hotel Golf, onde Ouattara está hospedado desde as eleições de 28 de novembro.

Depois do pleito, Gbagbo se recusou a ceder o poder a Ouattara, quem a ONU apontou como vitorioso na votação.

Por ora, Ouattara parece ter decidido manter Gbagbo entrincheirado em sua casa, em Abidjan, em vez de continuar com tentativas de destituí-lo à força. Em vez disso, Ouattara se concentra nos esforços de restabelecer a normalidade no país, após semanas de conflito.

Mas os confrontos na sexta-feira mostraram que as forças de Gbagbo ainda têm o poder de semear devastação. Moradores dizem que suas milícias continuam a agir livremente no bairro nobre de Cocody, onde fica o complexo que abriga Gbagbo.

Massacre

A habilidade de Ouattara para unificar o país, situado na África Ocidental, pode ser prejudicada por relatos de atrocidades desde que há uma semana suas forças -- um conjunto de antigos grupos rebeldes do norte -- entraram em Abidjan, a capital comercial.

O órgão da ONU na área de direitos humanos informou terem sido encontrados na sexta-feira 115 corpos no oeste, somente nas últimas 24 horas. Esse número se soma a outros 800 corpos descobertos na semana passada por grupos assistencialistas.

Algumas das vítimas foram queimadas vivas e outras, lançadas em poços, numa gélida recordação das divisões étnicas e religiosas no país. Gbagbo tem sua base tradicional de poder no sul, que é cristão, enquanto as forças de Ouattara estão baseadas no norte, muçulmano.

Num discurso na noite de quinta-feira, Ouattara afirmou que seriam tomadas medidas para esclarecer todos os crimes cometidos durante o conflito e que ele iria colaborar com os órgãos internacionais para investigar os abusos e punir os culpados.

Ele disse que seus soldados cercaram Gbagbo no complexo onde fica sua residência e prometeu restaurar a estabilidade e a lei no país. Suas forças negam ter cometido massacres.

Mas grupos de defesa dos grupos humanos dizem haver evidências de que, embora Gbagbo tenha cometido a maior parte das atrocidades, desde o início do impasse, em novembro, os soldados de Ouattara também são responsáveis por violência indiscriminada contra civis.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]