As Nações Unidas (ONU) manifestaram hoje (29) preocupação com um possível "banho de sangue" no Sudão do Sul diante de relato do avanço de milhares de milicianos armados em direção à capital do país.
O porta-voz da missão da ONU no Sudão do Sul, Joseph Contreras, disse que é "extremamente preocupante" as notícias de que um grande número de jovens armados pode estar se preparando para avançar para a capital. "Eles deslocam-se há algum tempo, com a possível intenção de atacar outras comunidades", disse.
Segundo Contreras, os jovens milicianos são aliados do ex-vice presidente Riek Machar, o líder de fato de rebeldes que combatem o governo sul-sudanês. Até 25 mil jovens combatentes podem ter sido recrutados por Machar na tribo Nuer, do estado de Jonglei (Leste) e estão a cerca de 110 quilômetros da capital Bor.
O porta-voz dos rebeldes, Moses Ruai Lat, não negou a presença de forças hostis ao governo naquele estado, contudo, afirmou que não se trata de elementos da tribo Nuer, mas de soldados do exército que decidiram se rebelar contra o governo.
Sem informar números, o porta-voz da missão da ONU confirmou a presença de homens armados a cerca de 50 quilômetros a nordeste de Bor, com base em voos de reconhecimento da missão.
O porta-voz apelou às partes que têm influência sobre os grupos armados que os convençam a suspender imediatamente o seu avanço para evitar mais um "banho de sangue". A ameaça de um ataque ocorre no momento em que países da África Oriental estabeleceram prazo até terça-feira para pararem todos os combates e iniciarem conversações de paz.
O presidente sul-sudanês, Salva Kiir, e o líder dos rebeldes deram o seu acordo de princípio ao diálogo, mas não marcaram data. Riek Machar exige que Salva Kiir abandone o poder e recusa qualquer cessar-fogo até que os seus aliados sejam libertados.
Segundo o porta-voz do governo, Michael Makuei, o Executivo só está disposto a libertar oito dos onze detidos apenas depois de Machar aceitar um cessar-fogo e iniciar negociações. A violência regressou ao Sudão do Sul em meados deste mês, em resultado da rivalidade entre Kiir e Machar, demitido em julho. Kiir acusa Machar de tentativa de golpe de estado. Marchar nega e acusa Kiir de procurar eliminar os seus rivais.