Paris Cientistas de diversas partes do mundo reúnem-se até sexta-feira em Paris para finalizar um relatório sobre a mudança climática que, espera-se, seja um alerta sobre a elevação da temperatura e do nível dos mares.
O Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC) deverá divulgar sua mais recente avaliação da ameaça trazida pelo efeito estufa na sexta-feira.
A reunião do Painel se dá no momento em que o planeta enfrenta um dos seus períodos mais quentes em milhares de anos ou mais e a preocupação internacional sobre o que fazer a respeito está cada vez mais em alta.
"Em nenhum momento do passado houve tamanho apetite" por informações confiáveis a respeito do aquecimento global, diz o presidente do painel, Rajendra Pachauri.
Cientistas vêm evitando comentar o conteúdo do relatório, mas afirmam que ele será mais específico e, também, mais amplo que os trabalhos divulgados anteriormente pelo comitê.
Versões preliminares do documento que vazaram para a imprensa oferecem uma imagem menos preocupante que a do relatório anterior, de 2001, prevendo elevações menores do nível do mar. Mas muitos cientistas importantes rejeitam os números citados nos textos preliminares, afirmando que não são recentes o bastante: não incluem o derretimento de grandes capas de gelo em locais como a Antártida e a Groenlândia.
Esse é um debate que poderá ser crucial nas reuniões que ocorrerão ao longo da semana na sede da Unesco, em Paris. Depois de quatro dias de edição por mais de 500 especialistas, o IPCC divulgará o primeiro dos quatro grandes relatórios sobre aquecimento global esperados para este ano.
"Esperamos que (o relatório) convencerá as pessoas de que a mudança climática é real e que temos responsabilidade por boa parte disso, e que realmente teremos de mudar nosso modo de vida", disse um dos autores do trabalho, Kenneth Denman.
O painel, criado pela ONU em 1988, divulga suas avaliações a cada cinco ou seis anos.
Alarmista
Alguns críticos consideram o comitê alarmista, mas sua própria estrutura impõe uma relativa cautela, já que as avaliações baseiam-se em informações fornecidas por centenas de cientistas, incluindo céticos do aquecimento global e funcionários de indústrias que seriam prejudicadas por medidas radicais contra a ação humana sobre o clima. Além disso, os relatórios têm de ser unânimes, e aprovados por 154 governos, incluindo os Estados Unidos e países produtores de petróleo.
As versões prévias do novo relatório prevêem que, até 2100, o nível do mar terá se elevado entre 12,7 e 58 centímetros. Isso é muito menos que a margem de 51 a 140 centímetros prevista em estudo publicado, neste mês, pela revista Science.