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O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos declarou estar “alarmado” pelas detenções realizadas em Hong Kong desde a aprovação da nova lei de segurança nacional pelo presidente chinês, Xi Jinping, na última quarta-feira (1°).
“Estamos alarmados com as prisões que já estão sendo feitas em conformidade com a lei de efeito imediato, sendo que ainda não há informações completas ou entendimento sobre o escopo dos crimes”, disse o porta-voz do órgão, Rupert Colville.
Centenas de pessoas foram presas no território de Hong Kong desde que a nova legislação foi aprovada e entrou em vigor.
“Estamos analisando com muito cuidado o conteúdo dessa nova lei para verificar o cumprimento das obrigações internacionais de direitos humanos aplicáveis em Hong Kong”, disse Colville.
Ativistas planejam 'parlamento no exílio'
Ativistas pró-democracia de Hong Kong discutem a criação de um parlamento não oficial no exílio para preservar a democracia e mandar à China a mensagem direta de que a liberdade não pode ser suprimida, afirmou o ativista Simon Cheng.
Cheng é cidadão de Hong Kong e trabalhou no Consulado do Reino Unido no território por quase dois anos. Ele fugiu após ter dito que foi capturado e torturado pela polícia secreta chinesa. Ele se encontra hoje em asilo no Reino Unido.
"Um parlamento paralelo pode enviar um sinal muito claro a Pequim e às autoridades de Hong Kong de que a democracia não precisa estar à mercê de Pequim", disse Cheng à agência de notícias Reuters em Londres.
O território de Hong Kong, uma ex-colônia britânica que retornou ao controle chinês em 1997, tem sido palco de protestos há meses contra o fim das liberdades que uma lei de segurança nacional da China quer impor ao território historicamente livre. Na quarta, mais de 300 manifestantes foram presos após protestarem contra o texto.
"Queremos criar grupos cívicos não oficiais que certamente refletem as opiniões do povo de Hong Kong", disse Cheng, ao comentar que ativistas estão desenvolvendo alternativas para continuar lutando pela democracia. "Precisamos ser inteligentes para lidar com o avanço do totalitarismo: eles estão mostrando os músculos para suprimir [as liberdades], então precisamos ser mais sutis e ágeis".
Nesta semana, a China ameaçou tomar medidas de retaliação se o Reino Unido conceder cidadania a milhões de habitantes de Hong Kong. O gigante asiático também disse que a Austrália não devia seguir um "caminho errado" nesse sentido. O Reino Unido confirmou que vai oferecer 3 milhões de vistos especiais para receber refugiados de Hong Kong, que tem 7,5 milhões de habitantes.
Para o Reino Unido e vários outros países, a nova lei de segurança nacional viola a autonomia de Hong Kong. Por isso, diversos governos começaram a se mobilizar para oferecer aos residentes do território a oportunidade de se instalarem no exterior, enquanto lidam com a nova realidade de uma cidade transformada pela restritiva legislação chinesa.