A nova sala do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, de R$ 58 milhões: arte e polêmica em momento de crise mundial| Foto: Denis Balibouse/Reuters

O secretário-geral da ONU, Ban Kin-moon, inaugurou ontem a nova sala do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, na Suíça, reestilizada pelo artista espanhol Miquel Barceló. A obra, financiada em parte pela Espanha e batizada como a "Capela Sistina do século 21", gerou polêmica por causa do custo elevado do trabalho, orçado em mais de 20 milhões de euros (R$ 58 milhões).

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Na inauguração, Ban afirmou que a nova sala representa um "símbolo do multilateralismo", ao elogiar o estilo inovador criado pelo artista. Barceló recobriu a abóbada da sala com estalactites multicoloridas de alumínio que mudam de tom dependendo do lugar de onde são vistas.

Ao notar o efeito, Ban o comparou ao modo como "os países e os povos têm perspectivas diferentes sobre os desafios que devemos afrontar", disse. O secretário fez um apelo para os diplomatas que se reunirão na sala, pedindo que tragam aos debates "o mesmo sentido de criatividade e inovação" que inspirou Barceló. "Sejamos ousados", completou.

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O artista usou mais de 100 toneladas de tinta com pigmentos importados do mundo inteiro. O teto demorou um ano para ser feito e Barceló trabalhou com arquitetos, engenheiros e físicos para desenvolver um alumínio forte para que a abóbada não cedesse.

Aos jornais espanhóis, Barceló explicou que a caverna é a "metáfora de uma ágora, o primeiro local de encontro dos humanos, a grande árvore africana sob a qual as pessoas se sentavam para falar e o único futuro possível: o diálogo". Sobre o mar, o pintor explica que a referência é ao passado. "O mar é a origem das espécies e a promessa de um novo futuro: emigração, viagem", disse.

O custo da obra, no entanto, causou polêmica entre políticos e até mesmo funcionários da ONU, que lutam todos os dias para conseguir recursos para comprar remédios ou evitar guerras.

A organização vive uma constante crise de recursos e não consegue sequer coletar o dinheiro que julga ser suficiente para ajudar a população no Haiti e outros países. O argumento: há um cansaço dos doadores internacionais com projetos para salvar vidas.