Teerã - O chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed ElBaradei, disse ontem que persistem "preocupações" sobre como o Irã usará a tecnologia nuclear no futuro. Segundo ele, inspetores nucleares da AIEA visitarão a nova usina de enriquecimento de urânio do Irã, perto da cidade de Qom, em 25 de outubro.
A visita dos inspetores foi anunciada após reuniões com o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, e com funcionários graduados iranianos. Segundo ElBaradei, embora as preocupações persistam, o clima ficou mais amistoso. "Vejo que estamos num momento crítico, mudando as marchas da confrontação para a transparência e a cooperação".
ElBaradei chegou a Teerã no sábado, para preparar as inspeções à usina de Qom, cuja recente revelação reforçou as suspeitas de que o Irã usa um programa civil de energia nuclear como fachada para desenvolver um programa nuclear militar. O Irã insiste que o seu programa nuclear só tem a meta pacífica de gerar eletricidade.
Suspeita
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e seus colegas da França e de outros países acusaram o Irã de ocultar a construção da usina de Qom durante anos.
Antes da inspeção, haverá uma reunião entre funcionários dos Estados Unidos, Rússia, França e Irã marcada para o dia 19, em Viena, na qual será discutida a proposta de enriquecimento do urânio que será usado pelas usinas do Irã num terceiro país.
O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, disse ontem não haver nenhuma questão "ambígua" entre seu país e a AIEA, braço das Nações Unidas que monitora o uso da energia nuclear. "Por causa da boa cooperação entre o Irã e a agência, questões importantes foram resolvidas", declarou após o encontro com ElBaradei.
"Existem preocupações sobre as futuras intenções do Irã e isso não é algo que se refira às inspeções. É uma questão de construir a confiança e é por isso que agora temos o diálogo das seis nações", disse ElBaradei em coletiva de imprensa conjunta com o chefe do programa atômico do Irã, Ali Akbar Salehi.