A Organização das Nações Unidas (ONU) não fez nenhum comentário direto sobre as novas denúncias de que os Estados Unidos invadiram sistemas de comunicação interna da entidade e da União Europeia (UE), mas divulgou nesta segunda-feira uma nota lembrando aos Estados-membros que tratados internacionais vigentes proíbem que seus escritórios e todas as missões diplomáticas sofram interferência ou se tornem alvo de espionagem ou escuta clandestina.
O comunicado discreto divulgado pela ONU vem à tona um dia depois de a revista alemã Der Spiegel ter publicado documentos repassados pelo ex-espião norte-americano Edward Snowden mostrando que a Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês) invadiu e monitorou eletronicamente o sistema interno de videoconferência da entidade no ano passado. Num intervalo de três semanas, segundo o semanário, o número de comunicações da ONU acessadas pela NSA passou de 12 para 458.
Ainda de acordo com a Spiegel, a NSA instalou escutas telefônicas na representação da UE em Washington e invadiu a rede de computadores do bloco.
Nesta segunda-feira (26), o porta-voz da ONU, Farhan Haq, disse que "a inviolabilidade das missões diplomáticas, o que inclui as das Nações Unidas e outras organizações internacionais, cujas funções são protegidas por convenções internacionais relevantes, como as de Viena, é uma lei internacional devidamente estabelecida".
E acrescentou: "Portanto, é de se esperar que os Estados-membros atuem de acordo com a preservação da inviolabilidade das missões diplomáticas".
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