• Carregando...
Vista da Praça de São Pedro, no Vaticano. Em comunicado, a Igreja diz que vai estudar relatório da ONU sobre pedofilia | Alessandro Bianchi/Reuters
Vista da Praça de São Pedro, no Vaticano. Em comunicado, a Igreja diz que vai estudar relatório da ONU sobre pedofilia| Foto: Alessandro Bianchi/Reuters

Contraponto

Para a Igreja, Comitê desconsiderou dados atuais em seu parecer

Efe

O observador do Vaticano nas Nações Unidas, Silvano Maria Tomasi, afirmou ontem que o relatório do Comitê da ONU sobre os Direitos da Criança não levou em consideração as explicações da Santa Sé, e que parecia "já estar pronto".

Tomasi afirmou em entrevista à Rádio Vaticana que as críticas provocaram "surpresa" no Vaticano. "A primeira reação é de surpresa pelo fato negativo de o documento já parecer estar pronto antes do encontro entre o comitê e a delegação da Santa Sé", explicou Tomasi, que acha que o Vaticano ofereceu respostas "detalhadas e precisas" sobre a gestão de casos de abusos a menores que não constavam no relatório.

"Falta uma perspectiva correta e atualizada da atuação da igreja, que realizou uma série de mudanças com relação à proteção das crianças difícil de encontrar no mesmo nível em outras instituições ou estados. Trata-se de uma questão de fatos e evidências que não podem ser tomados como mórbidos!", ressaltou.

Além disso, durante a entrevista, Tomasi explicou como responder de modo preciso às acusações da ONU. "A Convenção sobre os Direitos da Criança fala em seu preâmbulo da defesa da vida antes e depois do nascimento, enquanto a recomendação que a ONU faz ao Vaticano é que mude sua posição sobre a questão do aborto", lembrou ele, que rotulou a situação como "completa contradição com os objetivos da Convenção".

Liberdade

A Santa Sé criticou trechos do relatório da ONU que se referem a ensinamentos da Igreja sobre anticoncepcionais e aborto e os classificou como uma "tentativa de interferir no ensinamento da Igreja Católica, sobre a dignidade das pessoas e o exercício da liberdade religiosa".

Genebra

Em 16 de janeiro, uma delegação do Vaticano compareceu perante o Comitê da ONU sobre os Direitos da Criança, em Genebra, para informar sobre como a Igreja enfrentou os casos de denúncias por abusos sexuais contra menores cometidos por religiosos católicos no mundo todo.

Um relatório do Comitê da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre os Direi­tos da Criança pede que o Vaticano afaste de seus cargos todos aqueles que abusaram sexualmente de crianças e os denuncie à Justiça. O comitê propõe à Santa Sé para retirar de imediato de suas funções "todos os autores conhecidos e suspeitos de abusos sexuais de crianças, assim como denunciá-los às autoridades competentes para que os investiguem e sejam processados".

O relatório foi divulgado após uma audiência realizada no mês passado em Genebra, em que os membros da comissão, composta por 18 especialistas em direitos humanos de todo o mundo, questionaram o Vaticano sobre sua política contra a pedofilia.

A comissão afirma que a Igreja Católica não fez o suficiente para cumprir o seu compromisso de erradicar a pedofilia.

"O comitê da ONU sublinha a sua profunda preocupação com o abuso sexual de crianças por membros de igrejas católicas que operam sob a autoridade da Santa Sé".

Para a comissão, o Vati­cano não reconhece a extensão dos crimes cometidos e não tomou as medidas apropriadas para lidar com casos de pedofilia a proteger as crianças. As práticas adotadas teriam levado à continuação do abuso e à impunidade dos agressores.

O relatório critica especialmente a política de trocar padres pedófilos de paróquia, uma prática considerada como tentativa de encobrir os crimes e evitar que sejam julgados pelas autoridades civis.

"A prática tem permitido a muitos sacerdotes permanecerem em contato com as crianças e continuarem a abusar delas", indica o texto do Comitê da ONU.

Vaticano

Em encontro da Confe­rência Episcopal Espanhola, o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, disse que a Igreja afronta os casos de pedofilia com transparência e explicará nas próximas semanas o funcionamento de uma comissão criada para preveni-los. Em comunicado, a Santa Sé declarou que irá submeter a "minuciosos estudos e exames" as acusações recebidas da ONU.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]