Relações
Brasil vendeu armamentos para o regime de ex-ditador
O Brasil manteve estreita e polêmica relação com a Líbia. De vendas de armas e minas a intercâmbios de futebol e exploração de petróleo. Tudo com o regime de Kadafi.
Depois de o ditador deposto ser capturado, exposto e morto por rebeldes ontem, o país não existe mais. Diante das incertezas, a diplomacia brasileira faz coro ao que vêm pedindo as potências internacionais. Pede que a ONU lidere os esforços de reconstrução do país e oferece apoio.
"É muito importante as Nações Unidas assumirem a responsabilidade de democratização do país, com eleições, com o estabelecimento de uma Constituição e com a estabilização política do país, quanto em relação à reconstrução", afirmou ontem o chanceler brasileiro Antonio Patriota, durante evento no Rio de Janeiro.
Ele também promete que o Brasil contribuirá com envio de alimentos e com um programa de limpeza de minas na Líbia.
Em junho, o jornal Folha de S. Paulo revelou que minas brasileiras tinham sido encontradas na Líbia. Centenas eram usadas pelas forças do ex-ditador contra os rebeldes. Desde os anos 80, o Brasil declara não fabricar mais este tipo de armamento, que fere sobretudo civis, durante os conflitos.
A polícia da Líbia também tem equipamento "made in Brazil" para reprimir manifestantes, entregues em 2005. Nos anos 80, foram vendidos 400 blindados com canhões.
A ligação entre os países também é forte comercial e politicamente. Desde 2000, gigantes brasileiras investiram no país. Petrobras e as construtoras Andrade Gutierrez, Odebrecht e Queiroz Galvão tem unidades na Líbia.
No plano político, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e líderes seu partido, o PT, mantinham boas relações com Kadafi. Em 2003, Lula visitou Trípoli, capital da Líbia, e foi recebido pelo então ditador.
Folhapress
Passada a euforia inicial com o fim do ditador líbio, organismos internacionais e governos de potências que, inclusive, ajudaram os rebeldes questionam a natureza da morte de Muamar Kadafi.
A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu uma investigação, enquanto os Estados Unidos membros da Otan disseram que o Conselho Nacional de Transição (CNT) líbio deve oferecer explicações "transparentes" sobre a causa da morte.
Segundo o Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, são necessários mais detalhes para "assegurar se ele morreu em algum tipo de confronto ou se foi executado depois de sua captura". "Vistos de maneira conjunta, os dois vídeos que mostram Kadafi vivo e morto são muito perturbadores", disse o porta-voz do organismo, Rupert Colville.
A participação da Otan na ação também é alvo de questionamentos. A aliança militar calcou sua intervenção no país na Resolução 1.973 do Conselho de Segurança, que autorizava "tomar todas as medidas necessárias para proteger civis". Suas ações, porém, evidenciaram uma caçada ao ditador.
"Não há nenhuma relação entre a zona de exclusão aérea [autorizada pela resolução] e um ataque contra um objetivo em terra, neste caso, o comboio. Ainda mais se levarmos em conta que não se tratava de proteger civis, pois o comboio não atacava ninguém, e se pode dizer que estava fugindo", disse o chanceler russo, Serguei Lavrov.
Enterro
O enterro de Kadafi foi adiado devido à realização de investigações. Anteriormente, os rebeldes planejavam realizar ontem a cerimônia fúnebre.
Enquanto decide sobre a data e o local do enterro, o governo interino da Líbia mantinha ontem o corpo do ex-ditador em um freezer de um centro comercial de Misurata. O corpo de Kadafi, sem camisa e sapatos, foi colocado sobre um colchão sujo de sangue numa sala refrigerada vazia. Marcas de tiro ainda eram visíveis no lado esquerdo da cabeça do ditador com a bala ainda alojada , no peito e na barriga. Moradores faziam fila pra vê-lo morto.
"Libertação"
Amanhã, o CNT proclamará a "libertação nacional" da Líbia, em uma cerimônia simbólica comandada pelo presidente do conselho, Mustafa Abdel Jalil. O local escolhido para o evento oficial foi Benghazi cidade em que teve início o levante contra Kadafi.
Ontem, a Al Jazeera divulgou que o CNT pretende formar um governo interino em 30 dias. O economista Ali Tarhouni já disse candidato para o cargo de premiê interino, hoje nas mãos do impopular Mahmoud Jibril, ex-membro do governo Kadafi.
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