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Civis erguem os braços sob ameaça de soldado do ditador Gbagbo, que perdeu as eleições mas se recusa a deixar o cargo | Luc Gnago/Reuters
Civis erguem os braços sob ameaça de soldado do ditador Gbagbo, que perdeu as eleições mas se recusa a deixar o cargo| Foto: Luc Gnago/Reuters

Intervenção

França ocupa o principal aeroporto do país

Tropas francesas tomaram ontem o aeroporto da maior cidade da Costa do Marfim (oeste africano), Abidjã. Segundo o governo francês, o objetivo é garantir que aviões possam retirar os estrangeiros do país, que está sob violentos confrontos.

Um conselheiro do presidente Laurent Gbagbo, Toussaint Alain, condenou a ocupação do aeroporto de um "país soberano’’, com a França "se pondo a serviço de uma rebelião, criando uma coalizão de mercenários e de soldados europeus’’.

Funcionários do governo francês disseram que o país cogita retirar seus cidadãos da Costa do Marfim – o problema é que são 12 mil, um número expressivo.

O país europeu, do qual a Costa do Marfim era uma colônia até 1960, já está protegendo mais de mil estrangeiros em um acampamento militar próximo ao aeroporto ocupado. Segundo a França, um terço deles são franceses.

Uma ocupação rápida do aeroporto e a criação desse acampamento foram possíveis porque a França mantém mais de mil homens na Costa do Marfim mesmo em tempos de paz, e agora mandou mais 300 ao país.

A secretária secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, pediu que Gbagbo deixe o poder imediatamente. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, manifestou posição parecida.

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O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, pediu ontem que o presidente da Costa do Marfim reconhecido in­­ternacionalmente, Alassane Ouat­­tara, tome medidas contra seus se­­guidores, suspeitos de participarem do massacre de cerca de 800 pessoas na cidade de Duékoué.

Ouattara negou a Ban Ki-mo­­on, numa conversa por telefone na noite de sábado, que seus se­­guidores estivessem envolvidos nos eventos em Duékoué, de acordo Martin Nesirky, porta-voz da ONU. "O secretário-geral disse que os culpados devem ser responsabilizados", afirmou o porta-voz.

As forças do presidente eleito da Costa do Marfim, Alassane Ouat­­tara, contaram 152 corpos na ci­­dade de Duékoué, no oeste do país, onde instituições internacionais afirmaram haver centenas de mortos.

Um ministro no governo de Ouattara acusou os soldados da ONU de não protegerem os civis contra os combatentes entrinchei­­rados que apoiam o ex-presidente do país Laurent Gbagbo.

A Cruz Vermelha Internacional e a ONU afirmaram que cerca de 800 pessoas foram mortas numa operação realizada por forças pró-Ouattara em Duékoué na última terça-feira, enquanto tomavam o controle do território que estava nas mãos de Gbagbo.

A ONU acusou caçadores tradicionais que lutam numa força de apoio a Ouattara de executarem "extrajudicialmente" mais de 330 pessoas na semana passada em Duékoué.

Guillaume Ngeta, chefe conjunto dos direitos humanos da missão da ONU no país, também culpou combatentes leais a Gbag­­bo pelo assassinato de cerca de 100 civis em Duékoué

A ONU já havia alertado Gbag­­bo e seu exército so­­bre uma investigação pelo Tribu­­nal Criminal Internacional sobre ataques contra civis desde a realização da eleição em novembro no país.

As Nações Unidas têm cerca de 11 mil soldados na Costa do Mar­­fim e Ban Ki-moon tem jogado muito peso político para forçar Gbagbo a demitir-se. O presidente perdeu a eleição há quatro meses, mas não aceita deixar o cargo.

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