Kim, “líder supremo” dos norte-coreanos, cumprimenta agricultores em foto distribuída pela agência estatal do país| Foto: KCNA/Reuters

400 páginas tem o documento apresentado pela comissão da ONU, que compila entrevistas com 240 desertores que agora moram na Coreia do Sul, nos EUA e no Reino Unido. Pyongyang não autorizou a entrada dos inspetores.

1948 foi o ano em que Kim Il-sung instituiu na Coreia do Norte a dinastia comunista que está no poder há 65 anos. Depois do primeiro Kim, vieram Kim Jong-il e seu filho, Kim Jong-un, o atual "líder supremo" do país.

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Michael Kirby apresenta relatório sobre Coreia do Norte
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Os líderes da Coreia do Norte devem ser levados a um tribunal internacional por uma série de crimes contra a humanidade que incluem extermínio, fome e escravização de sua população, afirmou ontem um grupo de investigadores da Organização das Nações Unidas (ONU).

O relatório também faz críticas duras à negação de liberdades básicas de pensamento, expressão e religião aos norte-coreanos, e ao sequestro de cidadãos de países vizinhos como Coreia do Sul e Japão.

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A comissão afirma que, no território norte-coreano, há torturas sistemáticas, fome deliberada e massacres em níveis próximos ao genocídio. Os locais onde há maior violação dos direitos humanos são os campos de detenção, onde estão de 80 a 120 mil presos políticos.

"Violações dos direitos humanos de forma sistemática, generalizada e grave têm sido cometidas pela República Democrática Popular da Coreia, suas instituições e suas autoridades", diz o documento da Comissão de Inquérito sobre a Coreia do Norte, estabelecida em março de 2013 pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU.

"Em muitos casos, as violações dos direitos humanos descobertas pela comissão constituem crimes contra a humanidade. Não se trata de meros excessos do Estado, são componentes essenciais de um sistema político e que vão muito além dos ideais sobre os quais afirmam estar fundamentados", diz o relatório. "A gravidade, escala e natureza dessas violações revelaram um Estado que não tem qualquer paralelo no mundo contemporâneo."

A Coreia do Norte se recusou a cooperar com a investigação. Em resposta antes da divulgação do relatório, rejeitou as acusações, afirmando que o relatório da ONU é um "instrumento de complô político" e um "produto da politização dos direitos humanos por parte da União Europeia e do Japão em aliança com a política hostil dos EUA".

China impede que Coreia do Norte responda por crimes

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Dentre os norte-coreanos ouvidos pela ONU, está Shin Dong-hyuk, que escapou de um dos campos. Quando ele tinha 13 anos, sua mãe e seu irmão foram executados por guardas do regime após serem acusados de fazer um plano para deixar a prisão.

Para o painel da ONU, a China também deveria ser punida por mandar de volta os imigrantes norte-coreanos que cruzam a fronteira do país sem autorização para que sejam punidos pelo regime aliado. Os chineses negam o impedimento à entrada dos norte-coreanos.

O governo chinês também é visto como o principal empecilho para que haja um processo contra o regime de Kim Jong-un. Como a Coreia do Norte não é filiada ao Tribunal Penal Internacional, seria necessário que o Conselho de Segurança da ONU aprovasse a ação judicial e os chineses têm poder de veto.

Os EUA saudaram o relatório, dizendo que ele "clara e inequivocamente documenta a realidade brutal" dos abusos na Coreia do Norte. Mas a China, aliada de Pyongyang, se opôs fortemente ao documento, dizendo que ele "não ajudaria a resolver a situação dos direitos humanos" e que um "diálogo construtivo" é a resposta para a questão.