O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-Moon, pediu que o presidente da Costa do Marfim reconhecido internacionalmente, Alassane Ouattara, tome medidas contra seus seguidores, suspeitos de participarem do massacre de cerca de 800 pessoas na cidade de Duékoué, afirmou Martin Nesirky, porta-voz da organização neste domingo (03).
Ouattara negou a Ban Ki-Moon, numa conversa por telefone na noite de sábado, que seus seguidores estivessem envolvidos nos eventos em Duékoué, de acordo com o porta-voz. O presidente eleito disse também que tinha ordenado uma investigação sobre o incidente.
O exército do presidente eleito da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, contou 152 corpos na cidade de Duékoué, no oeste do país, onde instituições internacionais afirmaram haver centenas de mortos. A afirmação foi feita à AFP por um porta-voz de Ouattara.
Um ministro no governo de Ouattara acusou ontem os soldados da ONU de não protegerem os civis em Duékoué contra os combatentes entrincheirados que apoiam o ex-presidente do país Laurent Gbagbo.
A Cruz Vermelha Internacional e a ONU afirmaram que cerca de 800 pessoas foram mortas numa operação realizada por forças pró-Ouattara em Duékoué na última terça-feira, enquanto tomavam o controle do território que estava nas mãos de Gbagbo.
A ONU acusou caçadores tradicionais que lutam numa força de apoio a Ouattara de executarem "extrajudicialmente" mais de 330 pessoas na semana passada em Duékoué.
Guillaume Ngeta, chefe conjunto dos direitos humanos da missão da ONU no país, também culpou na noite de sábado combatentes leais a Gbagbo pelo assassinato de cerca de 100 civis em Duékoué.
"O secretário-geral expressou particular preocupação e alarme sobre os relatos de que as forças pró-Ouattara possam ter matado muitos civis em Duékoué, localizada no oeste do país", relatou o porta-voz. "O secretário-geral disse que os culpados devem ser responsabilizados", acrescentou.
As Nações Unidas já tinham alertado Gbagbo e seu exército sobre uma investigação pelo Tribunal Criminal Internacional sobre ataques contra civis desde a realização da eleição em novembro no país.
As Nações Unidas têm cerca de 11.000 soldados na Costa do Marfim e Ban Ki-moon tem jogado muito peso político na campanha para forçar Gbagbo a demitir-se. As informações são da Dow Jones e da Associated Press.