O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, pediu hoje (16) que o governo de Israel declare um cessar-fogo unilateral na Faixa de Gaza, independentemente das ações do grupo rival Hamas.
O pedido foi feito logo depois de uma reunião com o primeiro-ministro da Autoridade Nacional Palestina, Salam Fayyad, na Cisjordânia, e também depois de notícias de que as negociações no Egito não estariam avançando.
Segundo informações da BBC Brasil, um pouco antes o porta-voz israelense, Mark Regev, disse que o governo espera que o conflito na região esteja chegando ao fim. No entanto, ele insistiu que Israel precisa estar certo de que o grupo islâmico Hamas não vai voltar a disparar foguetes contra seu território.
Hoje, um dos negociadores israelenses Amos Gilad se reúne com mediadores egípcios no Cairo, Egito. Já a ministra do Exterior, Tzipi Livni, se encontra com a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, em Washington. Enquanto isso, um dos líderes do Hamas Khaled Meshaal participa de um encontro da Liga Árabe, no Catar.
Há notícias de que o Hamas teria oferecido a Israel uma trégua de um ano, com a condição da saída das tropas da Faixa de Gaza e da suspensão do bloqueio ao território.
Na última noite, aviões israelenses realizaram 40 ataques no território palestino. O exército também fechou todos os acessos Cisjordânia até as 24h de sábado (20h em Brasília), depois que o Hamas apelou para que todos os palestinos aderissem ao que chamou de Dia de Ira. O grupo pediu protestos anti-Israel durante as rezas de hoje.
Enquanto isso, organizações não-governamentais israelenses e associações internacionais denunciam Israel por crimes de guerra e abusos contra civis em Gaza. De acordo com as denúncias, Israel teria atacado pelo menos três hospitais ontem (15), com bombardeios. Também uma clínica para mães e bebês teria sido atacada no sábado (10).
Por conta da intensidade dos ataques, mesmo ONGs do próprio país pedem que Israel seja investigado por crimes de guerra. De acordo com documento assinado por nove entidades, entre elas a seção israelense da Anistia Internacional, as ações do exército constituem uma clara violação de leis internacionais que regulamentam a condução de guerras.
Ainda de acordo com a BBC, a Agência das Nações Unidas de Ajuda aos Refugiados Palestinos (UNWRA, na sigla em inglês) afirmou que aparentemente foi usado fósforo branco em um ataque atribuído a Israel contra instalações da agência, em Gaza, ontem O fósforo branco é uma substância incendiária de uso proibido em armas.
Um porta-voz da UNWRA disse que as chamas causadas pelo bombardeio ameaçam as cerca de 700 pessoas abrigadas nas dependências da agência. Uma das preocupações é que os veículos com combustível que estão dentro do complexo poderiam explodir, com os ataques. A agência da ONU teria entrado em contato com o governo israelense para interromper os ataques durante a retirada dos veículos, para um lugar mais seguro, mas os ataques recomeçaram durante a operação.
Eles [israelenses] têm as coordenadas de GPS exatas de todos os nossos escritórios na Faixa de Gaza, eles estão disparando contra a parte mais frágil de nosso complexo e esta conduta é imperdoável, afirmou um porta-voz.
Segundo fontes dos serviços de saúde de Gaza, já são mais de 1,1 mil as pessoas mortas nos 20 dias de ataque, sendo cerca de 30% delas crianças. Outras 5,1 mil ficaram feridas desde 27 de dezembro. Do lado israelense, 13 pessoas morrendo, sendo três civis, segundo informações do exército de Israel.