O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu ontem às autoridades venezuelanas que ouçam as demandas dos manifestantes contra o governo.
"Peço às autoridades venezuelanas para que ouçam as aspirações dos manifestantes", disse Ban após reunião do Conselho de Direitos Humanos da ONU, que começou ontem em Genebra.
O secretário-geral pediu um diálogo com a oposição e aqueles que enchem as ruas e o respeito à liberdade de expressão e opinião. Mas disse que os manifestantes devem expressar seu descontentamento de forma pacífica.
Ban se reuniu ontem com o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Eliás Jaua (leia mais nesta página).
Protestos
No domingo, a polícia da Venezuela dispersou com bombas de gás lacrimogêneo os manifestantes que estavam reunidos na Praça de Altamira e seus arredores, no leste de Caracas, após um protesto antigovernamental na região, que terminou sem incidentes violentos.
Ramón Muchacho, prefeito de Chacao, palco dos enfrentamentos com a polícia, informou que os serviços de emergência de sua prefeitura atenderam 17 pessoas no início da noite, duas delas feridas com balas de chumbo.
"Não restaram manifestantes na Praça de Altamira. As vias permanecem fechadas, muito gás ainda no ambiente", disse Muchacho no Twitter. O prefeito faz parte da oposição ao governo. Ele afirmou que ocorreram 17 casos de violência: dois feridos por balas de chumbo, oito por contusões ou lacerações e sete com dificuldades respiratórias por inalação de gás.
Vários protestos no país, que começaram no dia 12 de fevereiro, terminaram com incidentes de violência e deixaram, até o momento, 18 mortos e centenas de feridos.
Após a grande manifestação de domingo passado, convocada por estudantes e com o apoio da oposição, um grupo de radicais entrou em confronto com a Guarda Nacional Bolivariana (GNB, a Polícia Militar do país) na Praça de Altamira.
Os agentes reprimiram os manifestantes que jogavam pedras contra os policiais com bombas de gás e disparos de balas de chumbo.
"Luta está apenas começando", diz líder de partido da oposição
O líder opositor venezuelano Leopoldo López, preso desde 18 de fevereiro acusado de incitação à violência, advertiu ontem o presidente Nicolás Maduro de que "a luta está apenas começando".
A mensagem, em vídeo colocado na internet, foi lida pelo também opositor do partido Vontade Popular Carlos Vecchio, contra quem também há uma ordem de prisão.
"Virão novas etapas desta luta. Isso está apenas começando, e todos os dias se anunciarão ações contundentes e crescentes", disse López.
"A história reservou aos dirigentes do Vontade Popular um papel de vanguarda neste parto difícil e doloroso para o renascer da democracia (...), porque hoje vivemos numa ditadura", disse Vecchio logo após transmitir as palavras de López.
No vídeo, López fala da possível renúncia da promotora Luisa Ortega e dos ministros Miguel Ángel Rodriguez (Interior) e Rafael Ramírez (Petróleo), entre outros funcionários do governo.