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Conflito

ONU pede trégua humanitária – e é ignorada – após milícia bombardear a capital da Líbia

Mohamed Gnounou
Mohamed Gnounou, porta-voz do governo da Líbia fala sobre o ataque à capital. Foto: Mahmud Turkia/AFP (Foto: AFP)

Milícias ligadas ao general Khalifa Haftar avançaram em direção a Trípoli, capital da Líbia, e realizaram neste domingo (7) seu primeiro bombardeio contra a cidade, apesar dos pedidos da ONU para que os combates sejam interrompidos na região.

Ao menos 21 pessoas morreram e mais de 90 ficaram feridas desde que o líder rebelde iniciou sua ofensiva contra a capital, sede do GNA (o governo provisório do país), reconhecido pela maior parte da comunidade internacional.

O conflito, que deixou moradores presos no meio do fogo cruzado, chegou a apenas 11 km do centro da capital.

Haftar e a milícia que ele comanda, o Exército Nacional Líbio (ENL), já capturaram três cidades próximas a Trípoli (Gharyan, Surman, e Aziziya) e afirmam também ter o controle do aeroporto da capital, o que o GNA nega.

O governo provisório de Trípoli anunciou uma contraofensiva contra os rebeldes em todo o país, com o apoio de milícias locais.

O chefe do governo interino, Fayez al-Sarraj, advertiu para o risco de uma "guerra sem vencedores", em discurso na televisão. "Estendemos nossas mãos para a paz, mas após a agressão de parte das forças pertencentes a Haftar, a única resposta será a força e a firmeza", disse ele.

Sarraj também pediu explicações à embaixadora francesa no país, Béatrice du Hellen, devido ao apoio que Paris já deu ao general Haftar.

A ONU fez um apelo para que os confrontos em Trípoli fossem interrompidos por duas horas neste domingo para que os feridos e a população civil pudessem ser retirados, mas os dois lados ignoraram a trégua.

O pedido ocorreu após o Crescente Vermelho, versão islâmica da Cruz Vermelha, afirmar que o conflito bloqueou o acesso à capital, impedindo o atendimento às vítimas.

Divisão

A Líbia atualmente está dividida entre o GNA em Trípoli, que comanda a parte oeste do país, e o governo de Tobruk, que domina a região leste e tem o apoio de Haftar. Há ainda regiões controladas por milícias menores e uma área com atuação do grupo extremista Estado Islâmico (EI).

Na quinta (4), o general anunciou que daria início a uma ofensiva contra a capital, em uma tentativa de unificar o comando do país antes do início das negociações de paz patrocinadas pela ONU, marcadas para acontecer entre 14 e 16 de abril - e que, por enquanto, estão mantidas.

Analistas afirmam que o real objetivo de Haftar é fortalecer seu próprio nome como o único capaz de acabar com o caos que a Líbia vive desde a derrubada do ditador Muammar Gaddafi, em 2011.

O conflito entre rebeldes e o governo fez ainda com que os EUA anunciassem a retirada de suas tropas da Líbia, que estavam no país para ajudar no combate ao Estado Islâmico.

Na Europa, o secretário de Relações Exteriores do Reino Unido, Jeremy Hunt, disse que não há justificativa para a ação de Haftar. "Nós vamos usar todos os canais para encorajar a calma e impedir um banho de sangue", afirmou ele. O governo italiano também disse estar preocupado com a situação.

Os Emirados Árabes Unidos, que ao lado da Arábia Saudita e o Egito apoiam Haftar, também pediu moderação a todos os lados no conflito.

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