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Crime de guerra

ONU quer "acesso completo" para investigar uso de armas químicas na Síria

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o chefe da equipe internacional de inspetores, Ake Sellström, insistiram nesta segunda-feira (29) na exigência de que o Governo da Síria deixe que os especialistas tenham "acesso completo" ao país para que possam determinar se houve o uso de armas químicas durante o conflito. Em coincidência com o Dia em Memória de Todas as Vítimas de Armas Químicas, Ban e Sellström se reuniram na sede da ONU para discutir a situação criada pela negativa do regime de Bashar al Assad para permitir a entrada dos especialistas apesar de ter sido solicitada uma inspeção internacional.

"Os dois (Ban e Sellström) estão de acordo de que não há substituto para as atividades no terreno a fim de determinar se houve uso de armas químicas" na Síria, afirmou perante a imprensa o porta-voz das Nações Unidas, Martin Nesirky.

O regime de Damasco pediu em março a Ban que a ONU averigue sua denúncia sobre uso de armas químicas por parte da oposição, enquanto Reino Unido e França pediram que fosse averiguado o suposto uso por parte das forças leais a Bashar al Assad.

No entanto, o Governo sírio bloqueou desde o início do mês a chegada do grupo de 15 inspetores por considerar que o mandato da missão proposto pelo secretário-geral permite que os especialistas se desdobrem por todo o país e não só no ponto onde Damasco quer que averiguem.

"Claramente ainda há diferenças sobre o que é preciso para realizar na investigação, por isso continuam as conversas com as autoridades sírias", assinalou Nesirky após a reunião.

O porta-voz reiterou que o secretário-geral insiste em que sejam estudadas "todas as acusações" sobre o suposto uso deste tipo de armas, e lembrou que estamos "em um momento crucial" para lançar a investigação "se queremos conhecer o que ocorreu".

Antes de sua reunião com Sellström, Ban Ki-moon compareceu perante a imprensa para pedir novamente ao regime sírio que permita a viagem dos especialistas "sem atrasos e incondicionalmente".

Ban lembrou que o grupo de especialistas está pronto para viajar em um ou dois dias, e que inclusive uma pequena equipe formada por duas pessoas já está preparada próxima ao Chipre.

O secretário-geral também insistiu em que "uma investigação crível e completa" necessita do "acesso completo" dos especialistas aos lugares onde supostamente houve uso de armas químicas na Síria.

Além disso, Ban disse que levou muito a "sério" as informações divulgadas na semana passada pelos Estados Unidos com relação ao possível uso de armas químicas por parte do regime sírio.

Por isso, insistiu que as atividades no terreno são "essenciais para que as Nações Unidas possam estabelecer os fatos e esclarecer todas as dúvidas".

Ban reafirmou hoje seu "completa confiança na integridade, independência e profissionalismo" dos especialistas.

Sellström é um cientista sueco encarregado de dirigir o grupo de 15 especialistas, e Ban lembrou que já tratou com ele a situação na Síria durante a terceira conferência de revisão do Convenção de Armas Químicas, realizada no início de abril em Haia.

Diretor de projetos do centro de pesquisa sueco CBRNE e especializado em incidentes graves com substâncias químicas, biológicas, radiológicas, nucleares e explosivas, o professor trabalhou no passado como assessor principal de várias comissões da ONU sobre o desarmamento do Iraque.

No meio das diferenças com o regime sírio pela mudança deste grupo de especialistas, o secretário-geral condenou hoje o "ataque terrorista" em Damasco contra o primeiro-ministro sírio, Wael al Halqi, que deixou vários mortos e feridos, embora ele tenha saído ileso.

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