Enquanto EUA e Reino Unido pressionavam a Síria para permitir a investigação pela Organização das Nações Unidas (ONU) do suposto uso de arma química contra rebeldes na periferia de Damasco, a França defendeu ontem que a comunidade internacional reaja usando a "força", se o ataque for comprovado.
Outros 34 países pediram investigação do ocorrido.
Na noite de quarta-feira, o Conselho de Segurança da ONU exigiu que o governo de Bashar Assad permita a inspeção da área do suposto ataque. Ontem, o secretário-geral, Ban Ki-moon, ordenou que a alta representante para Assuntos de Desarmamento, Angela Kane, viaje à Síria para as investigações.
Em entrevista ao canal BFM, o chanceler francês, Laurent Fabius, pediu uma reação da comunidade internacional, mesmo que não haja uma decisão enérgica do Conselho de Segurança da ONU, que pode ser impedida pela Rússia, principal aliada do regime sírio.
"Teria de haver uma reação com força na Síria por parte da comunidade internacional", disse Fabius, que, no entanto, descartou o envio de soldados ao país.
O chanceler brasileiro, Antonio Patriota, disse que o episódio "traz uma nova dimensão, ainda mais preocupante e grave" ao conflito, mas ponderou que "talvez seja precipitado concluir se foi de um lado ou de outro" a decisão de fazer uso das armas químicas.
Sintomas
Segundo a oposição síria, tropas aliadas ao ditador bombardearam quatro cidades da periferia de Damasco na madrugada de terça-feira com um gás que afeta o sistema nervoso, deixando centenas de mortos. Ativistas falam em até 1.300 vítimas.
Vídeos divulgados na internet mostram corpos, entre eles de crianças, sem ferimento visível, mas ainda não há confirmação de fontes independentes sobre as mortes nem o que as causou.
Para especialistas, os sintomas apresentados nos vídeos são compatíveis com os das pessoas atingidas com armas químicas, particularmente gases neurotóxicos, mas o único meio de confirmar seria analisar amostras colhidas no local.