Negociadores climáticos se reúnem na sexta-feira (9) em Bonn pela primeira vez desde a cúpula de Copenhague, mas com poucas chances de fecharem um novo acordo de cumprimento obrigatório ainda neste ano.

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Delegados de 170 países discutirão até domingo formas de reconstruir a confiança no processo, depois da frustração da cúpula climática de dezembro, que terminou sem acordo em torno de um novo tratado com valor jurídico vinculante, apesar dos dois anos de negociações prévias.

A reunião de Bonn definirá o cronograma das reuniões em 2010 e circulará ideias sobre o Acordo de Copenhague, um documento que não é de cumprimento obrigatório, mas já foi apoiado por mais de 110 países, inclusive grandes emissores, como China, EUA, Rússia e Índia. Vários países em desenvolvimento se opõem a ele.

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O acordo busca limitar a menos de 2 graus Celsius o aumento da temperatura global, mas não diz como.

"Precisamos reavaliar a situação depois de Copenhague", disse Bruno Sekoli, do Lesoto, que fala em nome dos países menos desenvolvidos, que defendem cortes mais duros nas emissões de gases do efeito estufa, de modo a limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius.

Muitos países cobram medidas concretas já em 2010, como a liberação da ajuda climática aos países em desenvolvimento, prometida em Copenhague, num valor de cerca de 10 bilhões de dólares por ano entre 2010 e 2012, podendo chegar a 100 bilhões de dólares por ano a partir de 2020.

Delegados disseram que talvez sejam necessárias duas sessões extraordinárias antes da próxima reunião ministerial anual, de 29 de novembro a 10 de dezembro em Cancún, no México. Isso significaria um ritmo menos frenético do que nas discussões pré-Copenhague.

O norueguês Harald Dovland, vice-presidente das negociações da ONU, disse que "tem havido uma atitude construtiva" nas negociações preparatórias informais realizadas em Tóquio e no México.

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Mas não está claro o que acontecerá com o Tratado de Copenhague. Muitos países não querem que ele substitua a Convenção Climática de 1992, pois acreditam que cabe aos países ricos liderarem o processo de lidar com a mudança climática - o que era a base do sistema hoje em vigor, ancorado no Protocolo de Kyoto, que expira em 2012.

"Não acredito que o Acordo de Copenhague se tornará um novo marco jurídico", disse na semana passada Yvo de Boer, chefe do Secretariado Climático da ONU, a jornalistas em Bonn.

Ele também disse duvidar da adoção de um tratado vinculante em 2010, mas afirmou torcer para que a reunião de Cancún defina uma arquitetura básica, "para que um ano depois se possa decidir ou não transformar isso em um tratado". A reunião de 2011 será na África do Sul.