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A poucas semanas da eleição presidencial de 28 de julho na Venezuela, o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, divulgou nesta quarta-feira (3) um relatório que aponta aumento da repressão no país.
Türk esteve na Venezuela em janeiro, pouco antes da ditadura de Nicolás Maduro determinar a expulsão dos funcionários do Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH) do país, alegando interferência em assuntos internos. Porém, em abril o regime chavista fez um convite para que o escritório fosse reaberto.
No relatório, lido por Türk em Genebra, o comissário destacou a falta de acesso à alimentação, a serviços de saúde e à educação na Venezuela e falou sobre a repressão promovida pela ditadura de Maduro.
“No último ano, o ACNUDH documentou com preocupação um aumento de ameaças, assédio e agressões contra atores da sociedade civil, jornalistas, sindicalistas e outras vozes consideradas críticas, principalmente através de detenções e ações penais, e 38 casos de detenção arbitrária. Isto inclui Rocío San Miguel e Carlos Julio Rojas, que estão detidos desde 9 de fevereiro e 15 de abril de 2024, respetivamente, sem acesso a defesa legal de sua escolha”, disse o comissário.
Türk também mencionou o fechamento ou bloqueio de rádios e sites pelo regime chavista e citou recentes projetos de lei sobre organizações não governamentais e seu financiamento e contra o “fascismo” na Venezuela, “que contém definições vagas e amplas” que poderiam servir de pretexto para perseguir opositores.
O comissário pediu que a ditadura de Maduro respeite o Acordo de Barbados, assinado em 2023 com a oposição para eleições livres e transparentes este ano na Venezuela.
“A construção de confiança é o único caminho a seguir, especialmente neste período eleitoral. Encorajo todos os que estão no poder a assumirem compromissos concretos nesse sentido”, afirmou Türk.