Índios fizeram parte do projeto para a Unesco
No deserto de Sonora, convivem os índios Tohono e os Oodham o Papago, a apenas meia hora do centro turístico de Puerto Peñasco, onde os complexos hoteleiros rompem com a monotonia do deserto.
"Os tohonos fizeram parte do projeto e sabem que a região foi declarada Patrimônio da Humanidade", afirmou o subdiretor da reserva. Segundo ele, os lugares sagrados para os índios permanecem fechados ao público.
Trata-se de um lugar sagrado para o povo Oodham, já que para eles El Pinacate é a origem do universo, um lugar que continuam preservando por se tratar do centro de suas divindades.
No cair da tarde, uma luz avermelhada inunda o deserto e brinca de maneira caprichosa nas fendas da cratera El Colorado, que recebe este nome pela bela estampa que projeta na chegada do pôr do sol.
25 mil pessoas é a previsão do número de visitantes que a Reserva da Biosfera El Pinacate e Grande Deserto de Altar deve receber neste ano. Na década de 1990, o local tinha por ano 3 mil visitantes.
60ºC é um exemplo da temperatura máxima que se tem no deserto de Sonoma, onde fica El Pinacate. Apesar da aridez, a reserva conta com uma variada fauna que inclui coiotes e morcegos-celestes.
Um manto coberto por rios de lava negra e vermelha, uma paisagem formada por vulcões adormecidos e um assombroso mar de dunas que mudam de lugar: a riqueza da Reserva da Biosfera El Pinacate e Grande Deserto de Altar é tal que a Unesco (órgão das Nações Unidas para educação, ciência e cultura) a declarou recentemente como Patrimônio da Humanidade.
"É praticamente como conhecer o Saara", explicou o subdiretor da reserva, Horacio Ortega, em um encontro com jornalistas no fim de semana passado.
A reserva localizada no estado de Sonora, no noroeste do país, tem como particularidade a presença das dunas estrelas, consideradas "únicas no mundo" pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês).
As dunas convivem com enormes cactos chamados saguaros, cujos braços parecem imitar caprichosamente as formas humanas.
Apesar do clima árido do deserto que pode ultrapassar os 60ºC a reserva conta com uma variada fauna que inclui, entre outros, o carneiro selvagem, coiotes, os velozes antilocapras, o veado e os morcegos-celestes.
"Essas espécies se adaptaram aos climas extremos e normalmente vivem de noite para evitar o calor do dia", explicou Ortega.
Tudo no deserto do Altar tem um fim: um saguaro morto, uma das espécies de cacto que predominam na área, gera nova vida para insetos e outros seres vivos que se refugiam em seus restos.
Desta forma, El Pinacate consegue se sustentar sozinha, mas, para "operar melhor", necessita aumentar seu orçamento, explicou o engenheiro e diretor da reserva, Federico Godinez Leal.
"A denominação da Unesco de Patrimônio da Humanidade exige que o governo federal forneça os recursos necessários para a conservação, conhecimento e cultura", disse Godinez, que acrescentou que o desafio começa agora.
Desde que foi nomeada como Reserva da Biosfera em 1993, a área aumentou notavelmente seu número de visitantes.