A Agência de Alimentos da Organização das Nações Unidas (ONU) vai interromper a distribuição de ajuda alimentar para cerca de 1 milhão de pessoas no sul da Somália. A medida foi tomada em razão dos ataques contra seus funcionários e das exigências de grupos armados para que os grupos de ajuda retirem mulheres de suas equipes de trabalho. A informação foi divulgada nesta terça-feira (5) pela agência.
O Programa Mundial de Alimentos está transferindo pessoal e suprimentos para as regiões norte e central da Somália, deixando seis áreas do sul que já são controladas pelo grupo islâmico Al-Shabad, disse Emilia Casella, porta-voz do programa. O Departamento de Estado norte-americano diz que o Al-Shabad tem ligação com a Al-Qaeda.
"Até 1 milhão de pessoas que são dependentes da assistência alimentar no sul da Somália enfrentam uma situação que é particularmente terrível", afirmou Casella em Genebra. Pelo menos quatro funcionários do Programa Mundial de Alimentos foram mortos nos últimos 18 meses e os militantes ameaçaram e saquearam três escritórios do programa no sul, afirmou Casella.
Grupos armados têm também exigido cada vez mais que o Programa Mundial de Alimentos e outros grupos humanitários retirem as mulheres de suas equipes de trabalho. A agência tentou resolver as exigências dos grupos armados por meio de reuniões com anciãos das vilas, mas não conseguiu as garantias necessárias para a segurança de seu pessoal e a proteção de seu trabalho humanitário, afirmou Casella. "Nós precisamos de garantias concretas da liderança" dos grupos armados, disse.
O Programa Mundial de Alimentos se prepara para o grande deslocamento de somalis famintos do sul para outras partes da Somália e para países vizinhos. A agência fornece ajuda para cerca de 3 milhões de pessoas no país devastado pela guerra, que luta contra a seca e produz apenas um terço da comida necessária para alimentar sua população.