"Em 25 anos tivemos (a ONU) oito missões no Haiti. Temos ido e voltado. É uma oportunidade para repensarmos nossas ações." A declaração é de Edmond Mulet, representante do secretário-geral da ONU para o Haiti, autoridade máxima da ONU no país caribenho.
Segundo Mulet, o governo do presidente René Préval, com o apoio da ONU, precisa "construir" o país. O diplomata guatemalteco lidera toda estrutura das Nações Unidas no Haiti, em substituição ao tunisiano Hedi Annabi, que morreu durante os terremotos do dia 12 de janeiro.
Mulet conversou ontem com a imprensa brasileira presente na capital Porto Príncipe. Ele foi enfático ao afirmar que não haverá avanços no Haiti se os próprios haitianos não assumirem a responsabilidade pelo seu país. "Os haitianos devem assumir a sua responsabilidade e estarem à altura do desafio que se impõe."
De acordo com o representante da ONU, algumas soluções dependem de decisões de políticos haitianos. "Como um país como o Haiti não possui nenhuma identificação para as crianças recém-nascidas? Como o Haiti pode atrair capital estrangeiro, gerar empregos, se não existe direito à propriedade, se não existem garantias jurídicas para o investidor?", questionou.
Mudanças no quadro político e legal haitiano, porém, não devem acontecer de forma fácil. Vários deputados e senadores morreram e as eleições legislativas, marcadas para amanhã, foram canceladas e não há prazo para que elas aconteçam. A eleição presidencial, marcada para outubro, também não tem data para ocorrer. "Tememos que fique um vazio legislativo", disse Mulet.
Durante a sua visita a Porto Príncipe, na quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma apelo ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial para que perdoem a dívida do Haiti, que chega a US$ 1,3 bilhão.
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*O jornalista viajou ao Haiti a convite do Palácio do Planalto.
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