Um mês após o terremoto que arrasou o Haiti, a Organização das Nações Unidas (ONU) vive uma crise interna, promove mudanças em sua estratégia, é obrigada a lidar com a vaidade de seus embaixadores da boa vontade e não consegue atender todos os necessitados. Apenas um em cada três haitianos desabrigados tem hoje uma barraca para passar a noite.
Se os dados estiverem corretos, o número de mortos no Haiti supera o de vítimas do tsunami que atingiu a Ásia em 2004. O governo, que hoje declara dia de luto nacional, chegou a falar em 230 mil mortos. Mas há discrepâncias. Alguns ministérios falam em 217 mil mortes. Nenhuma entidade internacional confirma esses números, enquanto há dúvidas sobre a metodologia usada pelo governo para calcular as vítimas. A ONU ainda sofreu a maior perda de funcionários de sua história em um único acidente.
A questão de abrigos é a mais crítica. Nos primeiros dias da crise, a Organização Internacional de Migrações (OIM) ficou encarregada de adotar uma estratégia para abrigar os que perderam suas casas. A opção inicial foi apelar por barracas e governos de todo o mundo enviaram os produtos ao Haiti. Um mês depois, constaram que a temporada de furacões começará e a estratégia foi um erro.
Outro fracasso foi a tentativa inicial de criar amplos campos para desabrigados. Não havia espaço para receber 50 mil pessoas e havia o risco de que um acampamento desse tamanho se transformasse em uma favela. O jornal O Estado de S. Paulo obteve confirmações de que a OIM foi afastada nesta semana do trabalho. A tarefa de encontrar abrigos ficou com a Cruz Vermelha.
Enquanto o país vive uma situação crítica, a ONU enfrenta uma saia-justa diante da demanda de seus embaixadores da boa vontade que insistem em visitar o Haiti. A última foi Angelina Jolie. A decisão de realizar a visita causou um mal-estar na ONU. Funcionários disseram que tiveram de parar seus trabalhos para acompanhar a estrela de Hollywood.
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