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ONU volta a relatar abusos graves na Venezuela 

Ativistas da oposição venezuelana realizam uma manifestação pacífica para lembrar dos presos e vítimas de protestos passados | FEDERICO PARRA/
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Ativistas da oposição venezuelana realizam uma manifestação pacífica para lembrar dos presos e vítimas de protestos passados (Foto: FEDERICO PARRA/ AFP)

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra'ad al-Hussein, disse nesta segunda-feira (11) que o governo venezuelano pode ter cometido crimes contra a humanidade ao reprimir protestos e perseguir a oposição.  "Minha investigação sugere a possibilidade de que tenham sido cometidos crimes contra a humanidade, o que só pode ser confirmado por uma investigação criminal subsequente", disse Hussein durante a abertura da 36ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, na Suíça.  

"Há um perigo real de que as tensões aumentem e que o governo esmague as instituições democráticas e as vozes críticas", disse o jordaniano Hussein.  

Segundo ele, o governo do ditador Nicolás Maduro instalou procedimentos criminais contra líderes da oposição, fez detenções arbitrárias e usou maus-tratos em presos como forma de tortura.  

Um relatório da agência de direitos humanos das Nações Unidas do fim de agosto já tinha criticado a Venezuela por ações contra os direitos humanos e pedido uma investigação sobre os casos. Na ocasião, Hussein disse que houve uma "erosão da vida democrática" na Venezuela.  

As manifestações contra Maduro se intensificaram após o ditador anunciar a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte, instalada no início de agosto.  

Defesa de Maduro

Presente ao encontro em Genebra, o ministro das Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, defendeu o regime de Maduro. Segundo ele, a instalação da Constituinte ajudou a pacificar o país. "Nosso país agora está em paz", disse o diplomata, afirmando que a última morte registrada nos protestos aconteceu em 30 de julho.  

Segundo a ONU, 124 pessoas morreram nas manifestações no primeiro semestre do ano. Dessas, pelo menos 73 foram vítimas das forças de segurança ou de grupos de apoio a Maduro - a responsabilidade das outras 51 mortes não foi determinada.  

Para Arreaza, a diminuição no número de vítimas mostra que o país está no caminho certo. "A oposição na Venezuela está de volta no caminho da lei e da democracia e veremos um diálogo surgindo graças a mediação de nossos amigos", disse ele.  

Em eventro paralelo também em Genebra nesta segunda, Diego Arria, embaixador venezuelano na ONU entre 1991 e 1994, defendeu que Maduro seja denunciado ao Tribunal Penal Internacional.  "Estou convencido de que matar nas ruas é equivalente a um crime contra a humanidade", disse ele.

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