A “disponibilidade muito limitada” de capacidade para bombear mais petróleo bruto a curto prazo “exige que ela seja usada com muita cautela”, enfatizaram os ministros da Opep+.| Foto: EFE/EPA
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A aliança petroleira OPEP+, liderada por Arábia Saudita e Rússia, deu uma resposta limitada à pressão ocidental para que elevasse suas extrações, ao anunciar um aumento simbólico de apenas 0,22%, alegando que já tem uma capacidade "muito limitada" para bombear mais petróleo bruto a curto prazo.

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A decisão foi tomada na primeira teleconferência mensal dos ministros do setor petroleiro dos 23 países membros do grupo após a viagem do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, à Arábia Saudita, em meados de julho.

Biden fez a visita ao maior exportador mundial de petróleo bruto na esperança de garantir um aumento substancial no fornecimento da matéria-prima para ajudar a baixar os preços, que foram desencadeados pela guerra na Ucrânia e pelas sanções ocidentais contra a Rússia.

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A França, a União Europeia (UE) e a Agência Internacional de Energia (AIE) também pediram à Opep que disponibilize mais petróleo nos mercados internacionais.

Mínimo histórico

Como resultado, houve especulações nos mercados de que a Arábia Saudita poderia pressionar por um aumento muito limitado no fornecimento de "ouro negro" por parte dos membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), entidade que ela lidera. Essa elevação seria semelhante às adotadas todos os meses desde agosto do ano passado, entre 400 mil e 600 mil barris por dia.

O ministro da Energia do Cazaquistão, Bolat Akchulakov, pouco antes de participar da teleconferência, manifestou apoio ao aumento das extrações para evitar o superaquecimento do mercado.

Ele alegou que, na situação atual, "uma faixa de US$ 60 a US$ 80 por barril é aceitável para os produtores de petróleo" e viável para a economia mundial.

Mas depois de ter recuperado neste mês o nível pré-pandemia de extrações apenas no papel, sem alcançá-lo na prática por causa das limitações de capacidade de produção de muitos de seus integrantes, a aliança optou hoje por acrescentar apenas 100 mil barris diários em setembro.

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Este é o menor aumento na oferta nos 62 anos de história da Opep e, portanto, é meramente simbólico, segundo analistas, que não esperam que a decisão tenha qualquer efeito sobre a evolução dos preços.

A cota total de bombeamento dos 20 países que participam do compromisso de limitá-la (todos, exceto Venezuela, Irã e Líbia) aumentou apenas 0,22%, para 43,955 milhões de bd.

Limites de capacidade

A "disponibilidade muito limitada" de capacidade para bombear mais petróleo bruto a curto prazo "exige que ela seja usada com muita cautela", enfatizaram os ministros da Opep+ em seu comunicado sobre a reunião virtual, referindo-se à chamada "capacidade ociosa", que é fundamental para responder a interrupções imprevistas de fornecimento.

Especialistas estimam que, atualmente, apenas a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos ainda têm uma significativa capacidade ociosa.

Os demais países já estão bombeando ao máximo da capacidade técnica, uma situação que os ministros da Opep+ hoje atribuem a "uma falta crônica de investimento no setor".

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Eles estão "particularmente preocupados" que o "subinvestimento" causará problemas para atender a demanda por "ouro negro" após 2023.

Os ministros também reconheceram que os estoques da matéria-prima são significativamente menores do que nos cinco anos anteriores à pandemia, e que as reservas estratégicas "atingiram seus níveis mais baixos em mais de 30 anos".

Por fim, os ministros novamente destacaram que não têm intenção de abandonar a parceria com a Rússia, mesmo no contexto da guerra na Ucrânia, enfatizando "a importância" de manter a "coesão" interna do grupo.

A próxima teleconferência dos ministros da Opep+ foi marcada para 5 de setembro.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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