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A empresa energética Tokyo Electric Power Co (Tepco), pivô da crise nuclear japonesa, obteve nesta terça-feira apoio de seus acionistas institucionais para manter em funcionamento seus reatores nucleares, apesar da oposição dos seus acionistas minoritários.

Uma moção apresentada na reunião anual geral da empresa teria, se aprovada, obrigado a direção a desativar todos os seus reatores nucleares e a não construir novos. A medida reflete o debate em curso no Japão e em outros países a respeito do futuro da energia atômica.

A moção vem sendo apresentada ano após ano, mas desta vez ganhou mais ressonância porque ainda há radiação vazando da usina nuclear de Fukushima, 240 quilômetros ao norte de Tóquio, que é administrada pela Tepco.

Houve uma esmagadora adesão à proposta entre os milhares de acionistas reunidos em Tóquio, mas isso não convenceu os investidores institucionais, como a seguradora Dai-ichi Life, que tem 3,43 por cento das ações.

"Perdemos hoje para os grandes investidores, mas nossa mensagem foi ouvida", disse Masafumi Asada, de 70 anos, morador de Fukushima, que apresentou a proposta antinuclear em nome de um grupo de 402 minoritários.

A reunião durou seis horas, e terminou com gritos e protestos de pessoas que haviam viajado de várias partes para confrontar os executivos da Tepco a respeito do acidente nuclear, o pior no mundo desde Chernobyl (Ucrânia), em 1986.

A usina de Fukushima foi danificada pelo terremoto e tsunami de março. A rejeição da proposta representa um grande alívio para a Tepco, que tira 30 por cento da sua produção energética de centrais nucleares. A empresa abastece principalmente a região de Tóquio, e já alertou para a possibilidade de apagões no verão japonês devido aos problemas em Fukushima.

Até maio, a energia nuclear ainda representava 20 por cento da matriz energética japonesa, embora 35 dos 54 reatores do país estejam fechados.

Uma moção antinuclear semelhante foi derrotada, também na terça-feira, em uma reunião de acionistas da Kyushu Electric Power, monopólio regional que abastece a ilha de Kyushu (sul).

Na assembleia da Tepco, os minoritários protestaram pela maneira como os executivos da empresa enfrentaram o desastre em Fukushima e permitiram a quase falência que se seguiu.

Em maio, a Tepco divulgou um prejuízo anual de 15 bilhões de dólares, e desde o desastre suas ações se desvalorizaram em 85 por cento, sua nota corporativa para investimentos decaiu ao status de "lixo", e o seu valor de mercado ficou 36 bilhões de dólares menor.

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