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Venezuela

Operário chavista morre em protesto

Caracas – A última semana de campanha eleitoral da Venezuela começou ontem com violentos protestos no interior do país, deixando um saldo de um operário de 19 anos morto e 80 presos, segundo o governo federal. O jovem, simpatizante de Chávez, foi baleado em meio a manifestações contra o projeto de reforma constitucional do presidente Hugo Chávez, que irá a referendo neste domingo.

Os distúrbios ocorreram nas cidades de Maracay (Estado de Aragua, 110 quilômetros a oeste de Caracas), a maior concentração de unidades militares do país, e de Valencia, (Carabobo, 160 quilômetros a oeste da capital), a terceira maior do país.

Imagens e relatos da imprensa local mostraram bloqueios de ruas com pneus incendiados, paus e pedras. Para dispersar os manifestantes oposicionistas, foram usados gás lacrimogêneo e balas de borracha por forças policiais e da Guarda Nacional.

Segundo a versão oficial, o trabalhador José Aníbal Oliveros foi assassinado por dois disparos na região metropolitana de Valencia quando tentava furar um bloqueio para chegar ao seu trabalho, a Petrocasa, uma fábrica estatal de construção de casas populares.

Foi a primeira morte registrada nas dezenas de manifestações contra a reforma por todo o país, que já deixou centenas de feridos, na maioria das vezes em episódios envolvendo estudantes.

Em discurso durante um ato oficial, Chávez afirmou que o assassinato faz parte de um "plano desestabilizador’’ promovido por "setores da oposição’’: "Lançaram agressões contra o povo e assassinaram um jovem trabalhador apenas porque disse que o deixassem passar. E havia um grupo de enlouquecidos e envenenados fascistas que lhe meteram dois tiros e o mataram’’, afirmou, na segunda de três aparições televisionadas ontem.

Em mais um ataque ao projeto de reforma constitucional, a Conferência Episcopal Venezuelana emitiu ontem um comunicado contra a proposta chavista, acusando-a de "desnecessária, moralmente inaceitável e inconveniente para o país’’.

Os bispos também rechaçaram o conjunto de insultos lançados por Chávez nos últimos dias contra a hierarquia católica. No sábado, o presidente venezuelano os mandou "para o inferno’’ e ainda ameaçou prender o cardeal Jorge Urosa Sabino caso ele apóie atos "desestabilizadores’’.

Segundo pesquisa divulgada ontem à noite pela empresa Hinterlaces, o "sim’’ chavista e o "não’’ aparecem com empate técnico: 45% e 46%, respectivamente. A margem de erro é de quatro pontos percentuais, para cima ou para baixo.

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