O pré-candidato Andrés Velásquez disse que a oposição precisa estar “atenta” e que “as primárias estão sob ataque”| Foto: EFE/MIGUEL GUTIÉRREZ
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Pré-candidatos da oposição para a eleição presidencial de 2024 na Venezuela manifestaram preocupação após a renúncia de María Carolina Uzcátegui, vice-presidente da comissão das primárias oposicionistas, marcadas para outubro.

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Na quarta-feira (26), o portal El Político publicou a carta de renúncia de Uzcátegui, que alegou falta de condições “técnicas e logísticas” para que o processo de escolha do candidato que vai enfrentar o ditador Nicolás Maduro seja uma “consulta ampla”.

Ela argumentou que a meta estabelecida para o número de centros de votação ainda não foi alcançada e é improvável que isso aconteça devido aos prazos do cronograma das primárias.

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“O tratamento que tem sido dado aos eleitores no exterior não tem sido sincero, pois não se conta com as capacidades necessárias para atender uma diáspora que, na sua maioria, não poderá participar do processo eleitoral de 2024 devido à política sistemática de exclusão sustentada nos últimos anos pelo governo nacional”, acrescentou Uzcátegui, que disse ainda que “não existem as garantias necessárias, com o processo de voto manual, para que os resultados que saiam dessa consulta sejam um reflexo fiel da vontade dos venezuelanos com desejo de participar”.

Uzcátegui concluiu a carta pedindo que os pré-candidatos “abram mão de interesses individuais e partidários que, ao invés de fortalecer as primárias, as fraturaram”.

Em declaração publicada pelo site Efecto Cocuyo, o pré-candidato à presidência e ex-governador do estado de Bolívar Andrés Velásquez disse que a oposição precisa estar “atenta”. “As primárias estão sob ataque. O desafio: protegê-las contra tudo”, alertou.

Roberto Enríquez, outro postulante nas primárias de outubro, sugeriu ação da ditadura de Maduro.

“Tenho a impressão de que existe uma conspiração em andamento contra as primárias. Deliberada em alguns casos, e ingênua em outros. Com todo respeito à doutora Uzcátegui, a rota unitária [oposicionista] não se fortalece com renúncias, se fortalece corrigindo e falando com clareza para consertar o que for preciso”, escreveu no Twitter.

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Em junho, o historiador Rafael Arráiz Lucca, então membro suplente da comissão, havia sido o primeiro integrante do órgão a renunciar, depois que a oposição anunciou que levaria adiante o processo de escolha do seu candidato presidencial mesmo sem apoio técnico do Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

Começando pelos reitores ligados ao governo, todos os cinco membros titulares do CNE, órgão que organiza e supervisiona as eleições na Venezuela, renunciaram às suas cadeiras no mês passado. A opinião entre analistas é que se tratou de uma manobra chavista para desmotivar o eleitorado e nomear um conselho ainda mais pró-governo. O processo de definição dos novos membros do CNE ainda está em andamento.

Também no mês passado, a Controladoria-Geral da Venezuela anunciou a inelegibilidade de alguns pré-candidatos oposicionistas, como a ex-deputada María Corina Machado, uma das favoritas nas primárias da oposição.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]