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A oposição Unidade Nacional Azul e Branca acusou nesta quarta-feira (31) o governo ditatorial de Daniel Ortega de estabelecer a "perseguição religiosa" como política de Estado, depois que a polícia abriu uma investigação contra a Igreja Católica da Nicarágua, acusada de fazer parte de uma rede de lavagem de dinheiro.
"A ditadura de Ortega estabeleceu a perseguição religiosa como uma política de Estado, especialmente contra a Igreja Católica", observou a Unidade Nacional em uma declaração lida pelo membro exilado da oposição Héctor Mairena, membro do conselho político do grupo, cuja cidadania foi retirada pelas autoridades.
"A prisão do bispo Rolando Álvarez, condenado a (mais de) 26 anos de prisão e atualmente em condições subumanas, é a expressão mais grave dessa política", segundo o grupo de oposição.
Além do bispo Álvarez, três outros padres estão atualmente na prisão sob investigação por lavagem de dinheiro ou "traição", acrescentou.
"A ditadura expulsou dezenas de padres e freiras do país, confiscou órgãos de imprensa e organizações ligadas à Igreja Católica, liquidou e confiscou escolas paroquiais e ordens religiosas", acrescentou a Unidade Nacional Azul e Branca.
O grupo observou que "mais recentemente, a ditadura ordenou o congelamento das contas bancárias das nove dioceses e de suas respectivas paróquias, ao mesmo tempo em que acusou a Igreja Católica de lavagem de dinheiro e a processou".
“Essas medidas fazem parte das mais de 500 agressões contra a Igreja Católica que foram registradas desde 2018 até o momento, quando a crise na Nicarágua estourou”, declarou.
"Estado totalitário"
"Essas ações muito graves fazem parte do modelo repressivo que a ditadura impôs com um estado totalitário entrincheirado e que busca aniquilar totalmente qualquer espaço minimamente independente", alertou o grupo de oposição.
"Ao mesmo tempo em que expressamos nossa solidariedade com as vítimas, rejeitamos e condenamos essa política nos termos mais fortes possíveis, que denunciamos perante a comunidade internacional, da qual exigimos uma ação mais firme", concluiu.
No último sábado, a polícia do país acusou a Igreja Católica da Nicarágua de "lavagem de dinheiro" e ordenou que o cardeal Leopoldo Brenes apresentasse documentos que mostrassem os movimentos das contas bancárias das dioceses em que interveio.
De acordo com a polícia, como parte dessas investigações, foram encontradas "centenas de milhares de dólares escondidos em bolsas localizadas em instalações pertencentes às (dioceses)" da Nicarágua.
Eles também confirmaram "a retirada ilegal de fundos de contas bancárias cujo congelamento havia sido ordenado por lei" e que se tratava de "uma rede de lavagem de dinheiro que foi descoberta nas dioceses de diferentes departamentos da Nicarágua”.
O papa Francisco chamou o governo sandinista de "ditadura grosseira" em uma entrevista ao portal Infobae, apontando para "um desequilíbrio na pessoa que lidera o país”.