A coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática anunciou nesta quinta-feira (23) que se apresentará de forma unificada na eleição para renovar a Assembleia Nacional da Venezuela, em dezembro.
A decisão foi tomada após divergências entre os adversários de Nicolás Maduro. Os moderados, liderados pelo ex-presidenciável Henrique Capriles, querem aumentar a pressão parlamentar sobre o governo, enquanto radicais desejam a saída imediata do mandatário.
O secretário-executivo da aliança, Jesús Torrealba, disse que as principais bandeiras da oposição serão o fim das nomeações ilegais para o Judiciário, o controle do uso e a revisão dos decretos aprovados por Maduro.
“Se qualquer outro poder tentar bloquear as soluções à crise que promoverá [uma maioria opositora] na Assembleia Nacional, a casa ativará os mecanismos previstos na Constituição para resolver tal situação.”
Torrealba afirma que, se eleita, uma maioria da oposição tentará resolver a crise econômica, social e de segurança e prometeu acabar com os privilégios e a maior visibilidade desfrutados pelos deputados chavistas.
“Exerceremos a maioria de forma democrática, respeitando o direito da representação da situação, demonstrando em fatos como se conduz um Parlamento de forma democrática.”
A Mesa de Unidade Democrática escolheu seus candidatos em eleições primárias em maio. A intenção é conseguir a maioria, mais de 83 cadeiras, contra as 64 obtidas no pleito de 2009. Hoje, o chavismo tem 99 assentos.
Em discurso nesta quinta, o presidente da Assembleia Nacional, Diosdado Cabello, defendeu que os chavistas se unam “sem armadilhas” para manter a hegemonia na casa legislativa.
O último partido a aderir à coalizão foi o Vontade Popular, que defende a retirada de Maduro. A agremiação foi a principal afetada pela ofensiva do governo após os protestos de 2014, que deixaram 43 mortos.
Dois de seus principais dirigentes, os ex-prefeitos Leopoldo López e Daniel Ceballos, estão presos pela acusação de incitação à violência. Pelo mesmo crime, Enzo Scarano e Antonio Ledezma estão em prisão domiciliar.
Na relação de postulantes do partido, estavam Scarano, Ceballos e a deputada cassada María Corina Machado. Os três perderam seus direitos políticos no início de julho por decisão da Controladoria-Geral da República.
Jesús Torrealba disse que a Mesa de Unidade Democrática enviou moção de repúdio à inabilitação de seus colegas e afirmou que não compete ao titular do órgão, Miguel Galindo, retirar os direitos políticos dos opositores.
“A Constituição diz que o senhor não tem direito de inabilitar ninguém. Nós democratas queremos dar uma saída pacífica, democrática, eleitoral a esta crise e isso que o senhor está fazendo conspira contra essa saída.”