Grupos de oposição na Argélia disseram na sexta-feira que provavelmente farão uma passeata de protesto planejada para a próxima semana, apesar das promessas do presidente de ouvir algumas de suas reivindicações e autorizar mais liberdades políticas.
Ansioso para impedir que os levantes no Egito e Tunísia contagiem seu país exportador de petróleo, o presidente Abdelaziz Bouteflika disse na quinta-feira que dará à oposição tempo para falar na televisão e que dentro em breve revogará o estado de emergência que vigora no país há 19 anos.
"Acredito que faremos a marcha, porque as novas medidas de Bouteflika não nos convenceram", disse Rachid Malawi, líder do sindicato independente de funcionários públicos e um dos organizadores dos protestos.
"Acho que este governo não é sério em relação a implantar a democracia na Argélia", afirmou Malawi à Reuters.
Uma coalizão de grupos da sociedade civil, pequenos sindicatos de trabalhadores e alguns partidos oposicionistas planejava fazer uma marcha de protesto na capital em 12 de fevereiro para reivindicar a troca do governo e reformas, incluindo a revogação dos poderes de emergência.
O protesto não tem o apoio dos maiores sindicatos argelinos ou das maiores forças da oposição - o partido FFS e os partidos islâmicos, que foram proibidos no início dos anos 1990, mas ainda conservam alguma influência.
PROTESTO PROIBIDO
As autoridades disseram que não vão autorizar a marcha por razões de ordem pública, fato que assinala a possibilidade de confrontos com a polícia de choque. As autoridades disseram que os manifestantes poderão, em vez disso, promover um protesto em um local designado.
"Vamos marchar porque Bouteflika não aceitou nossa exigência de revogar incondicionalmente o estado de emergência", disse Mohsen Belabes, porta-voz do partido oposicionista RCD.
O estado de emergência foi citado como razão para proibir marchas em todo o país, mas Bouteflika disse na quinta-feira que a restrição continuará a vigorar na capital.
Vários membros da coalizão oposicionista disseram à Reuters que vão se reunir nos próximos dias para tomar uma decisão final sobre o protesto e a forma que poderá assumir.
A Argélia tem muito em comum com a vizinha Tunísia, onde um levante popular obrigou o presidente autoritário a fugir em 14 de janeiro, e com o Egito, onde o presidente Hosni Mubarak está sendo assediado por mais de uma semana de protestos em massa.
Muitos argelinos expressam revolta com seu governo devido ao desemprego e aos limites à democracia.
Mas analistas acreditam que uma revolta é improvável no país porque o governo pode usar a receita das exportações energéticas para atender a reivindicações econômicas. Muitos argelinos também receiam turbulência, depois de suportar anos de conflitos entre as forças de segurança e insurgentes islâmicos.
Um protesto proibido em Argel, organizado pelo partido RCD em 22 de janeiro, atraiu algumas dezenas de manifestantes e foi rapidamente reprimido pela polícia de choque. Várias pessoas ficaram feridas.
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