Interferência
Diretor acusa o governo de envolvimento
Após ter a sede de sua empresa revirada por policiais militares de Buenos Aires, o diretor-geral da companhia de tevê a cabo Cablevisión, Carlos Moltini, afirmou que o grupo Vila-Manzano, em aliança com o governo de Cristina Kirchner, quer interromper as operações da empresa do grupo Clarín em 60 dias e dividi-la.
"Nunca vi algo assim, com os agentes da polícia militar exibindo armas. É uma coisa que não faz sentido. Um deles me dizia que não queria estar ali", disse ontem Moltini.
Cinquenta agentes da polícia militar entraram na sede da Cablevisión em Buenos Aires, na terça-feira, cumprindo ordens do magistrado da província de Mendoza (oeste), por denúncia de "exercício presumível de concorrência desleal" e "posição dominante".
Em resposta à operação, a companhia de tevê a cabo divulgou dois comunicados. No primeiro dele, classificou a operação policial como "sem precedentes, inscrita dentro de uma campanha sistemática de perseguição que o governo realiza contra as empresas do grupo Clarín".
"A presença de mais de 50 policiais exibindo armas na sede central, em uma atitude intimidante e opressiva, configura um fato de indiscutível gravidade, sem dúvida parte de um capítulo da ofensiva do governo contra a mídia não governista", disse na segunda nota.
Em defesa da administração federal, o ministro do Interior, Florencio Randazzo, disse que "é um disparate" considerar que a ordem partiu do governo de Cristina Kirchner, sustentando que o Corpo de Gendarmes "atua como auxiliar da Justiça".
O Grupo Clarín entrou com uma ação contra o tribunal de Mendoza por abuso de poder por parte do juiz Walter Bento, que autorizou o mandado de busca e apreensão. O juiz e o interventor designado por ele tiveram de sair da sede sob escolta policial e gritos de revolta dos funcionários da Cablevisión.
Martín Etchevers, gerente de Comunicações Externas do Grupo Clarín, afirma que a companhia continuará lutando na Justiça contra qualquer arbitrariedade. "Há juízes e juízes. Esperamos que nossas ações sejam julgadas pelos independentes", acrescentou.
Em 2010, o Grupo Clarín teve um faturamento acumulado de 7,6 bilhões de pesos e lucro antes de impostos de 2,3 bilhões. Cerca de 77% desses ganhos foram originados das operações da Cablevisión.
Folhapress
Deputados de diversos partidos da oposição convocaram diretores da Cablevisión para uma reunião ontem. Eles querem ouvir a versão da emissora sobre a invasão na terça-feira à sede do grupo e decidir os passos que serão tomados a partir de agora.
Para representar a emissora, participarão do encontro o gerente-geral, Carlos Moltini, e diretores do Grupo Clarín. "Fomos convocados para mostrar nossa versão do que ocorreu ontem", disseram os representantes da Cablevisión ao site do jornal La Nación.
Ainda segundo o site, também é possível que participem da reunião trabalhadores da empresa e membros do Sindicato Argentino de Televisão.
O juiz federal Walter Bento ordenou terça-feira a intervenção na sede da operadora de tevê a cabo Cablevisión, do grupo Clarín, o maior do setor de multimídia da Argentina, que interpretou o fato como parte de uma "perseguição" do governo de Cristina Kirchner.
Cinquenta agentes da polícia militar entraram na sede da Cablevisión em Buenos Aires, cumprindo ordens do magistrado da província de Mendoza (oeste), por denúncia de "exercício presumível de concorrência desleal" e "posição dominante".
O juiz designou um "interventor coadministrador" depois da queixa apresentada pela empresa concorrente Vila-Manzano, titular do Supercanal, também de televisão a cabo, segundo Ricardo Mastronardi, advogado do funcionário designado interventor pela Justiça, Enrique Anzoise.
A Cablevisión se disse "vítima de uma medida judicial irregular ordenada por um juiz da província de Mendoza", em referência a Bento. A empresa não tem operações em tal localidade. De acordo com o Clarín, o grupo de multimídia Vila-Manzano, a que pertence o Supercanal, é um aliado fundamental do governo argentino.
O governo Kirchner e o grupo empresarial que publica o jornal Clarín, o de maior circulação na Argentina, mantêm um confronto que cresceu nos últimos dias.
A polêmica acontece num momento em que o Senado se prepara para votar, nesta quinta-feira, uma lei polêmica que declara de interesse público o papel-jornal, que tem como único fabricante a Papel Prensa, controlada pelos diários Clarín (49% das ações) e La Nación (22,49%), os dois maiores da Argentina, enquanto o Estado possui uma participação de 28,08%.
O Grupo Clarín administra 60% do mercado da televisão a cabo na Argentina e 90% na área da capital e periferia.
Causa da morte de subsecretário argentino ainda é desconhecida
O chefe de segurança do hotel Radisson, em Montevidéu, Alejandro González, afirmou ontem que as câmeras de segurança não registraram nenhuma movimentação estranha nos corredores próximos ao quarto em que o subsecretário argentino de Comércio Exterior da Argentina foi encontrado morto na terça-feira.
A morte de Iván Heyn, de 33 anos, no hotel da capital uruguaia ocorreu durante a realização da 42.ª reunião de cúpula do Mercosul.
Segundo o jornal uruguaio El País, o ministro, que era considerado uma das "estrelas" da equipe econômica da recentemente reeleita presidente Cristina Kirchner, foi encontrado enforcado.
A Justiça do Uruguai iniciou uma investigação para tentar determinar a causa da morte do subsecretário. "Aparentemente é um suicídio, embora tenhamos recém-começado a investigação", afirmou o juiz Homero da Costa, responsável pelo caso, após inspecionar o quarto do hotel onde foi encontrado o corpo do político argentino.
Ontem, a polícia do Uruguai realizou autópsia no corpo de Heyn e descartou evidências de violência. O juiz Homero da Costa afirmou que "não há sinais de violência" no corpo do argentino, que será colocado à disposição da família.
Da Costa disse, porém, que ainda não é possível determinar se o caso se trata de um suicídio ou de uma "morte acidental", já que ainda é necessário realizar exames toxicológicos e dos fluídos que foram extraídos do cadáver.
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