A luta política entre o governo de Evo Morales e líderes opositores regionais se transferiu nesta segunda-feira (25) para a região mais rica em hidrocarbonetos da Bolívia. Houve ainda ameaças de ocupação de poços petroleiros. No Chaco boliviano, ao sul, duas cidades iniciaram hoje bloqueios de rotas e fecharam passagens fronteiriças com a Argentina e com o Paraguai para protestar contra o projeto constitucional impulsionado pelo presidente, informaram rádios locais.
As manifestações recebem apoio dos governadores de Santa Cruz, Tarija, Beni, Pando e Chuquisaca. As quatro primeiras pressionam por governos com maior autonomia em suas regiões, em desacordo com o governo central. Ante a ameaça de ocupação de campos petrolíferos e fechamento de válvulas de exportação de gás para Brasil e Argentina, o governo reforçou o controle militar das instalações e anunciou que indiciará os responsáveis pelo boicote. "Os protestos vão continuar e aumentarão", advertiu a dirigente cívica Patricia Galarza, de Tarija, ao sul. Organizações cívicas das cinco regiões são os braços operacionais dos governos rebeldes.
A medida de força era cumprida em Villamontes, fronteiriça com o Paraguai, e Yacuiba, na fronteira com a Argentina, informaram Fides e Erbol, as rádios mais importantes da região. As cidades de Camiri e Bermejo não participaram dos protestos. No Chaco estão 85% das reservas bolivianas de gás e petróleo, primeiro produto de exportação do país. Evo viajou hoje para Honduras, onde participa de um encontro internacional. A situação estava mais crítica no departamento de Chuquisaca, no sul, onde campesinos leais ao presidente mantêm vias fechadas há oito dias o que levou ao desabastecimento de alimentos em Sucre.
Referendo
A luta política se agravou após o referendo revogatório de 10 de agosto. A disputa está centrada agora na reforma constitucional e na renda petroleira. As regiões protestam pela devolução do Imposto Direto de Hidrocarbonetos, que o governo descontou dos orçamentos regionais para financiar um bônus vitalício para a terceira idade. Além disso, os líderes da região do Chaco exigem que o governo reajuste o preço do gás vendido para Brasil e Argentina e a saída de representantes de um organismo governamental encarregado de sanear os fundos nessa região, onde houve conflitos de terras entre fazendeiros e indígenas.