Os dois principais partidos da oposição mexicana, Ação Nacional (PAN) e Revolução Democrática (PRD), condicionaram neste domingo sua permanência em um mecanismo de diálogo com o Governo federal a uma investigação das irregularidades denunciadas nas recentes eleições locais.
Em entrevista coletiva, os líderes nacionais do PAN, Gustavo Madero, e do PRD, Jesús Zambrano, leram um documento conjunto no qual fizeram "uma avaliação política da qualidade dos processos eleitorais e seu impacto no cenário nacional, especificamente no que se refere ao Pacto pelo México".
O Pacto é um roteiro sobre as reformas estruturais pendentes do país assinado em dezembro do ano passado pelo então recém empossado presidente Enrique Peña Nieto e pelos líderes do PAN, PRD e do governante Partido Revolucionário Institucional (PRI).
Ao ler a primeira parte do pronunciamento, Zambrano disse que os signatários do Pacto assinaram em maio um "adendum" (documento) para "proteger o entorno de civilidade" que o acordo requer para funcionar.
"Não foram cumpridos os acordos do adendum. A prova não foi superada e ressurgiram os piores vícios do antigo regime: trapaças de governadores priistas, indolência de alguns de dirigentes deste partido e ausência do Governo federal priista para impedi-las", declarou o líder do partido esquerdista.
Zambrano acrescentou que "à frenética corrida dos governadores para restaurar o regime de partido de Estado não houve mais do que indiferença ou complacência do Governo federal, liderado por Enrique Peña Nieto".
"Esta situação trouxe para PAN e PRD o dilema de se retirar do Pacto, com o que a atitude política de avanço e diálogo será substituída pela retirada do confronto, ou continuar nele e dar aval às ações ilegais dos governadores priistas", continuou o líder partidário.
Em sua oportunidade, Madero declarou que em resposta a este dilema, as lideranças de PAN e PRD acertaram "continuar privilegiando o interesse do México".
"Há quem exija que rompamos o diálogo e que saiamos do Pacto. Responder assim seria se render aos poderes de fato, econômicos e políticos, mas sobretudo seria renunciar a um instrumento que serve ao bem comum e ao progresso de todos os mexicanos", manifestou.
No entanto, ele condicionou a permanência dos dois partidos neste mecanismo a que Governo e PRI remedeiem "o descumprimento dos compromissos do adendum mediante uma exaustiva investigação do pleito do dia 7 de julho".
Outra condição é que o Governo e seu partido demonstrem na prática seu compromisso com a aprovação pronta de leis secundárias para as reformas constitucionais conseguidas mediante o Pacto nos campos de educação, telecomunicações e concorrência econômica.
O dirigente do PRI, César Camacho, afirmou que após o processo eleitoral é necessário reativar o diálogo no Pacto pelo México para continuar com a transformação do país.
"Do estado de Guerrero o PRI ratifica seu compromisso com as reformas transformadoras que este país não só necessita, mas são urgentes, para que os mexicanos vivam em melhores condições", declarou Camacho.