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Para Eduardo Sal­­­­­da­­­­­­­nha, doutor em Direito Internacional e professor da FAE, a morte de Hugo Chávez abre espaço para que a oposição se fortaleça.

"Como todo regime populista, o de Hugo Chávez é personalizado, estava mais baseado em uma pessoa e não em um projeto político", diz. Saldanha vê dificuldades para o vice Nicolás Maduro conseguir manter unido o partido e acredita que os próximos cinco anos serão de grande instabilidade no país.

O senhor acredita que a oposição tem força para eleger o próximo presidente da Venezuela?

Como todo regime populista, o de Hugo Chávez era personalizado, estava mais baseado em uma pessoa e não em um projeto político. Mesmo sendo muito criticado pelos próprios venezuelanos, ele conseguia manter o governo com o apoio à sua causa, baseado nos seus discursos. Acredito que seu sucessor terá grandes problemas para manter a ordem e repetir a paixão que os venezuelanos têm pela figura do Chávez. Por isso, esse é o grande momento da oposição, quando a situação perde seu grande referencial. Acho muito difícil que os partidários do ex-presidente consigam sustentar a posição que vinham ocupando até hoje, já que o regime era muito fundamentado na pessoa de seu governante.

O vice-presidente Nicolás Maduro tem condições de manter unido o partido neste momento?

Acho muito difícil. A partir do momento que se perde um referencial como era Chávez, outros políticos começam a aparecer dentro dos partidos. Manter um partido coeso e um país unido em torno de uma causa é uma tarefa muito complicada. E a oposição tende a crescer, esse é o momento de ela atacar. Porém, o Maduro tem um fator a seu lado: as instituições venezuelanas. Na Corte Suprema, por exemplo, os juízes estão alinhados com o direcionamento do atual governo. Portanto, as instituições bolivarianas são a tábua de salvação de Maduro, já que a figura do Chávez não existe mais e a população logo vai perceber essa diferença.

Há risco de ignorarem a Constituição e não fazerem eleição?

Acredito que não porque as instituições venezuelanas estão bem bolivarianas, apoiadas no conceito da justiça social. Nesse cenário, acho difícil que haja uma ruptura imediata da Assembleia e que ela queira modificar a Constituição. O que acredito é no crescimento da oposição de forma democrática, tendendo a superar a situação legitimamente e depois disso fazer as alterações constitucionais que julgar necessárias. As cortes e instituições venezuelanas estão muito bem consolidadas sobre o substrato bolivariano. A meu ver, teremos uma eleição legítima que pode vir a colocar outro partido no poder. Mas os próximos cinco anos tendem a ser de uma grande instabilidade no país.

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