A oposição do Iêmen acusou neste domingo (1º) o presidente Ali Abdullah Saleh, que no final do ano passado assinou um documento prometendo renunciar ao cargo, de sabotar a transferência de poder ao provocar um nova crise política no país, no momento em que tropas leais ao mandatário entraram em confronto com opositores, matando três pessoas.
Os choques neste domingo aconteceram após Saleh, que governa o país há 33 anos, dizer que não deixará o Iêmen. O porta-voz da oposição, Mohammed Sabri, acusou Saleh de provocar os incidentes para arrumar mais uma desculpa e não deixar o poder. "Esse homem não respeita nenhum compromisso que firma com os outros", disse. "Saleh está criando uma nova crise", acrescentou Sabri.
A avaliação da oposição é de que o mandatário estaria tentando manter no poder pelo menos seus parentes, que controlam a polícia e parte das Forças Armadas. A oposição pede o afastamento de todos os parentes de Saleh dos cargos do governo. Nos últimos dias, multidões voltaram às ruas das cidades pedindo que Saleh seja julgado pelas mortes de centenas de manifestantes.
O vice-presidente do Iêmen, Abed Rabo Mansour Hadi, disse ao gabinete do governo de transição - que teve sua primeira reunião hoje - que a transferência de poderes precisa acontecer rapidamente. "Nós precisamos seguir em frente e implementar rapidamente a iniciativa dos países do Golfo", afirmou. Os países do Golfo Pérsico foram mediadores na crise iemenita e montaram o plano para Saleh deixar o poder, com apoio da Arábia e dos Estados Unidos.
Na capital Sanaa, um pedestre foi morto quando tropas da Guarda Republicana, comandada pelo filho de Saleh, entraram em choque com beduínos da tribo do xeque Sadeq al-Ahmar, que passou para a oposição em março do ano passado. E na localidade de El-Fardha, 80 quilômetros ao noroeste de Sanaa, a Guarda Republicana disparou morteiros contra casas de beduínos opositores ao governo, matando dois homens e ferindo outros dois. As informações são da Associated Press.
Deixe sua opinião