O presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh, propôs uma nova Constituição que fortaleceria os poderes do Parlamento, mas sua oferta foi rapidamente rejeitada pelos milhares de manifestantes que querem sua saída do poder.

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"O que ouvimos hoje não resolve a crise no Iêmen. Apenas aprofunda a crise", disse Yassin Said Noman, presidente da coalizão opositora. "Nós rejeitamos a oferta". Para Noman, a única solução aceitável para Saleh é deixar o cargo.

Na manhã desta quinta-feira, Saleh disse a um público de mais de 30 mil partidários num estádio em Sanaa que uma nova Constituição seria levada para votação e que a nova Carta aumentaria a separação entre o Executivo e o Legislativo e assim elevaria o poder do Parlamento.

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Mas Saleh não consentiu com a principal exigência dos manifestantes, que é sua saída imediata. Em vez disso, Saleh reiterou que vai permanecer no poder até o final de seu mandato, em 2013.

O presidente também pediu a criação de um governo de unidade com membros da oposição, uma das várias concessões feitas nas últimas semanas, numa tentativa de conter o crescente descontentamento público. Todas as iniciativas foram rejeitadas pela oposição.

A Anistia Internacional disse que 30 pessoas foram mortas desde o início dos protestos em janeiro, que foram inspirados pelo levante ocorrido na Tunísia, onde o presidente foi deposto.

Na noite de terça-feira, o Exército lançou gás lacrimogêneo e disparou com munição de verdade contra uma multidão que acampava em frente à Universidade de Sanaa, segundo testemunhas. Dois manifestantes morreram e mais de 100 ficaram feridos, informaram médicos que estiveram no local.

Khaled al Anesi, organizador dos protestos e defensor dos direitos humanos, disse que as concessões feitas pelo presidente vieram "muito tarde". Segundo ele, Saleh sabe que sua proposta será recusada, mas erroneamente vê o levante no Iêmen como uma "tempestade passageira".

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Nasser al Sabr, um manifestante que dirigiu até a capital a partir da província leste de Marib, no deserto, disse que o discurso do presidente apenas serve para fortalecer as manifestações. "As palavras de Saleh são mentiras. Ele sempre mentiu e nós não acreditamos nele agora". As informações são da Dow Jones.