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Oriente Médio

Oposição egípcia se une contra ditador Mubarak

Iemenitas protestam contra situação econômica do país, estimulados por manifestações na Tunísia e no Egito | Gamal Noman/AFP
Iemenitas protestam contra situação econômica do país, estimulados por manifestações na Tunísia e no Egito (Foto: Gamal Noman/AFP)
ElBaradei foi recebido por dezenas de jornalistas ao chegar ao Cairo |

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ElBaradei foi recebido por dezenas de jornalistas ao chegar ao Cairo

Confira o histórico de Mubarak no poder |

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Confira o histórico de Mubarak no poder

Os protestos de rua no Egito levaram a oposição ao ditador Hosni Mubarak, de 82 anos, historicamente frágil e dividida, a se articular pela primeira vez. Grupos se­­culares e islâmicos planejam para hoje protestos contra seu governo, com a expectativa de superar os realizados na última terça. Isso apesar da proibição de manifestações públicas.

A ação dos oposicionistas foi reforçada pelo retorno ao país de Mohamed ElBaradei, ex-chefe da agência nuclear das Nações Uni­­das (AIEA) e premiado com o No­­bel da Paz em 2005.

ElBaradei, que prometeu participar da manifestação, afirmou que Mubarak "já serviu o Egito por 30 anos" e, agora, tem de se afastar do poder. Ele também se disse pronto para liderar a transição para um novo regime, "se o povo quiser assim".

Banida pelo governo egípcio, a Irmandade Muçulmana, maior grupo oposicionista do país, também deu seu apoio aos atos de ho­­je. Em seu site na internet, o movimento pediu que os protestos se­­jam pacíficos e reivindicou a suspensão de leis de emergência vi­­gentes desde a ascensão do ditador ao poder.

Dia sagrado

Às sextas, milhões de pessoas em todo o Egito vão às mesquitas para fazer orações, e a intenção da oposição é aproveitar esse contingente para engrossar os protestos.

O Partido Nacional Demo­­crá­­tico, sigla de Mubarak, tentou mi­­nimizar as demonstrações de de­­sagrado com o governo classificando os manifestantes como "minoria".

Na primeira entrevista coletiva de um governista desde terça, o secretário-geral do partido, Saf­­wat El-Sherif, disse estar "pronto para o diálogo". Segundo ele, no entanto, "a democracia tem suas regras e seu processo, e a minoria não pode forçar sua vontade sobre a maioria".

Mubarak, que não foi visto em público nesta semana, ainda não disse se pretende concorrer em 2011 a mais um mandato de seis anos – as eleições no país são no­­toriamente vistas como fraudadas. Ele nunca indicou um substituto, e há rumores de que esteja preparando seu filho Gamal para a sucessão.

De acordo com despachos di­­plomáticos dos EUA que foram vazados para o site WikiLeaks, a ideia de transmissão hereditária do poder não é vista com bons olhos pela elite militar egípcia.

Ontem novamente foram re­­gistrados episódios de violência fora da capital, Cairo. Em Suez, um quartel dos bombeiros foi de­­predado e incendiado; houve tam­­bém ataques a postos policiais e prédios do governo.

No país todo, cerca de mil pessoas foram detidas desde terça em razão dos protestos.

Moderação

Nos EUA, apesar da pressão crescente contra o apoio polêmico a ditadores que enfrentam protestos na região, algumas declarações oficiais indicaram que a posição não mudou.

A Casa Branca disse claramente que Hosni Mubarak é um aliado valioso, um dia depois que o porta-voz da Presidência, Robert Gibbs, se recusou a citar a aliança com o ditador egípcio.

Em entrevista à imprensa estrangeira, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Mike Hammer, evitou relacionar os conflitos na Tunísia, que resultaram na queda do governo, e a agitação no Egito.

"Temos que ver as coisas separadamente", disse. "Na Tunísia, apoiamos o movimento e vamos estar ao lado do novo governo, que já está dando sinais positivos para mais liberdade."

Ele lembrou o famoso discurso de Barack Obama no Cai­­ro, no qual defendeu a liberdade de expressão e de os povos terem participação na forma como são governados.

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