O partido Socialista espanhol, de oposição, pediu a renúncia do primeiro-ministro Mariano Rajoy, em meio a acusações de corrupção que envolvem vários líderes políticos importantes, dentre eles o próprio premiê.
Durante uma coletiva de imprensa neste domingo (3), o líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), Alfredo Pérez Rubalcaba, disse que as acusações estavam tornando difícil para Rajoy manter suas funções como primeiro-ministro, num período de crise política.
"Rajoy não pode governar o país num período delicado como este. Tê-lo no comando do governo não vai permitir que a Espanha supere sua crise política", disse ele, acrescentando que o premiê deveria "deixar o cargo para alguém que possa restaurar a credibilidade do país".
A resposta dos socialistas ocorreu 24 horas depois de Rajoy ter negado enfaticamente, num discurso pela televisão, o recebimento de recursos não declarados e afirmado que vai publicar suas declarações de imposto de renda e prestar conta de seus bens.
No sábado, Rajoy convocou uma reunião de emergência dos líderes do partido para responder às acusações sobre pagamentos secretos para sua legenda, o Partido Popular (PP). Dois dias antes, o principal jornal espanhol, o El País, informou que ele e vários outros líderes do partido receberam, entre 1997 e 2008, pagamentos regulares e não declarados de um sistema de contabilidade secreto comandado por um ex-tesoureiro do partido.
Na quinta-feira, o El País publicou trechos dos livros de contabilidade manuscritos do ex-tesoureiro, mostrando supostos pagamentos para Rajoy, com valores que chegaram a uma média de 25.200 euros (US$ 34.371). Neste domingo, o jornal publicou todos os registros, que também mostram supostos pagamentos a líderes de outros partidos e que superam, em muito, seus salários.
O PP contestou a autenticidade dos registros. Durante uma coletiva de imprensa pouco depois das declarações de Pérez Rubalcaba, o porta-voz do partido, Esteban González Pons, disse que o líder opositor "sabe que os documentos publicados pela imprensa não fazem parte da contabilidade do PP" e disse que Perez Rubalcaba está cometendo um erro ao tentar tirar vantagem da situação.
Nas últimas semanas, jornais espanhóis relataram que centenas de milhares de euros foram enviados para as contas do partido durante o período compreendido entre meados dos anos 1990 e 2000. Parte desses recursos teria sido enviado por executivos do setor de construção civil e de outros setores empresariais, cujas empresas tentaram fechar contratos com o governo. O El País disse que os principais líderes receberam milhares de euros por ano em dinheiro vivo em envelopes. As informações são da Dow Jones.