Mobilização
Sindicatos farão mais 2 megaprotestos
Os sindicatos franceses continuam o braço de ferro contra o governo e anunciaram ontem mais duas datas de passeatas e greves contra a reforma da previdência, marcadas para a próxima quinta-feira e 6 de novembro.
Ontem, inúmeras ações ocorreram no país para protestar contra o projeto que aumenta a idade mínima da aposentadoria de 60 para 62 anos.
Estudantes saíram às ruas em Paris e outras cidades, mas sem grandes incidentes. Manifestantes bloquearam o acesso ao aeroporto de Marselha, no sul da França, invadiram ferrovias em várias cidades e realizaram operações para barrar estradas, entre outros protestos.
O problema do desabastecimento de combustível no país registrou uma "leve melhoria, de acordo com o governo, que fará uma nova reunião hoje sobre a questão.
Cerca de 2.700 postos de gasolina de um total de 12,3 mil enfrentam problemas de abastecimento.
Na Grécia, estudantes saem às ruas para barrar reformas
A capital da Grécia viveu ontem mais um dia de protestos contra o pacote de ajuste fiscal e a reforma educacional anunciados pelo governo. Estudantes saíram às ruas de Atenas, a capital do país, e enfrentaram a polícia.
Europa quer mínimo de 20 semanas para licença maternidade
Enquanto alguns países da Europa atravessam uma crise econômica que tem levado várias dessas nações a promoverem cortes drásticos em seus orçamentos e folhas previdenciárias, a União Europeia estuda estabelecer a todos os seus integrantes um período mínimo de licença maternidade.
Paris - O foco da batalha pela reforma da previdência na França se transferiu ontem das ruas para o Palácio de Luxemburgo, a sede do Senado. Manobras do governo tentaram acelerar a votação, mas a oposição do Partido Socialista (PS) saturou a pauta com emendas e conseguiu adiar em um dia a sessão que deverá aprovar a nova idade mínima de aposentadoria.
Enquanto estudantes voltaram a protestar, o presidente Nicolas Sarkozy engrossou o discurso, pregando menos tolerância. Valendo-se de procedimentos legislativos, os senadores da oposição vinham arrastando as discussões sobre a reforma desde o dia 5 de outubro. Desde a terça-feira, a bancada governista vinha tentando acelerar o debate, prevendo a votação para ontem. Sem obter resultados, o ministro do Trabalho, Eric Woerth, lançou mão do "voto único", um artigo da Constituição que garante urgência e obriga o Senado a votar as emendas com debate reduzido.
"Não se justifica consagrar 50 horas de discussões a emendas", argumentou Woerth. "O debate vai durar cerca de 15 horas a mais."
Na prática, 228 das 254 emendas ao projeto original não poderão ser apreciadas antes da votação do texto original. Com isso o governo conseguiu garantir a votação para hoje, entre o final da tarde e a noite.
Por outro lado, cresceu no país a sensação de que o governo Sarkozy usa a truculência para aprovar a reforma. A secretária-geral do PS, Martine Aubry, atacou a estratégia do Palácio do Eliseu, que chamou de "golpe de força". "Depois de o debate ter sido proibido na Assembleia Nacional, esse novo drible no Parlamento é escandaloso", denunciou.
Violência
Preocupados com a onda de violência e com os confrontos entre jovens e policiais nas imediações de Paris e em Lyon, líderes dos trabalhadores e estudantes defenderam ontem passeatas dentro do "respeito a bens e a pessoas". O objetivo é dissociar o movimento sindical e estudantil das cenas de vandalismos, que chocaram o país.
Outro dos objetivos do movimento é vincular a reforma, feita contra a vontade da maioria da opinião pública, às eleições de 2012.
Ontem, mais uma pesquisa indicou que a estratégia dos sindicatos e dos partidos de oposição está dando certo. Além de conquistar a adesão dos estudantes de 16 e 17 anos que estarão aptos a votar dentro de 18 meses , até o eleitorado de 50 a 65 anos, o mais conservador do país, se mostra inclinado a votar nos pré-candidatos do PS. Na hipótese de um segundo turno contra Sarkozy, o atual diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, seria eleito com 60% dos votos entre eleitores de meia idade, contra 40% para o atual presidente.
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