O presidente italiano, Sergio Matarella, deu início nesta quarta-feira (21) a intensas conversações com líderes políticos para determinar se uma nova coalizão de governo é viável, já que o líder de um dos principais partidos do país sinalizou disposição para formar uma nova maioria parlamentar.
Um governo alternativo é uma das duas principais opções no momento para o chefe de Estado depois que o primeiro-ministro Giuseppe Conte renunciou na terça-feira, pouco mais de um ano depois de assumir uma aliança populista entre a Liga e o Movimento Cinco Estrelas. A outra é marcar uma data para uma nova eleição, o que poderia levar Matteo Salvini, líder da Liga, a se tornar primeiro-ministro.
Mattarella, que tem o poder exclusivo de nomear governos e convocar eleições, está pronto para dar ao Cinco Estrelas e ao Partido Democrata, ou PD, tempo para fazer um acordo, que seria de alguns dias, segundo o jornal Corriere della Sera.
"Agora é a nossa vez de mudar e mostrar o caminho", disse o líder do PD, Nicola Zingaretti, na quarta-feira. "Devemos estar abertos para ver se existe a possibilidade de uma nova maioria parlamentar capaz de abordar as questões que o país enfrenta".
Zingaretti impôs cinco condições para uma possível aliança com o Movimento 5 Estrelas:
- filiação leal à União Europeia;
- pleno reconhecimento da democracia representativa (o M5E nasceu como partido que pedia a democracia direta no lugar da representativa);
- desenvolvimento econômico baseado em políticas de sustentabilidade;
- mudanças na política migratória (considerada muito rígida pela esquerda);
- novas políticas de desenvolvimento para redistribuir a riqueza.
Zingaretti já havia dito que uma nova eleição seria um "presente para a perigosa direita". A ideia de uma aliança entre o PD e o M5E foi encabeçada pelo ex-primeiro-ministro Matteo Renzi, e se tornou uma opção mais plausível quando os dois partidos contrariaram o pedido de Salvini por um voto de desconfiança em Conte.
Os mercados financeiros se animaram com a perspectiva de um novo governo, em vez de novas eleições.
A crise política italiana foi desencadeada quando o vice-primeiro-ministro Matteo Salvini, líder da Liga, retirou o seu apoio à aliança governista com o M5E, buscando capitalizar bons resultados de pesquisas de opinião e desestabilizar o governo enquanto o Parlamento estava em recesso.